Internacional Titulo Justiça
Ex-presidente da Libéria nega acusações de crimes de guerra

Charles Taylor é acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra de Serra Leoa

Da AFP
14/07/2009 | 08:19
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O ex-presidente da Libéria Charles Taylor se disse inocente nesta terça-feira diante do Tribunal Especial para a Serra Leoa (TESL) em Haia e negou ter recebido diamantes em troca de armas dos rebeldes serra-leoneses os quais é acusado de ter dirigido por baixo dos panos.

"Nenhum ser humano pode crer que é verdade que negociei com a RUF, recebendo diamantes em troca de armas ou recebendo diamantes em troca de qualquer coisa que seja", afirmou Taylor, que começou a depor nesta terça-feira como parte doprocesso.

Taylor é acusado de ter dirigido os rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF, sigla em inglês) que assolaram a Serra Leoa, fornecendo-lhes armas e munições em troca de um acesso privilegiado aos recursos naturais, principalmente diamantes e madeiras preciosas, deste país vizinho da Libéria.

Eleito à presidência da Libéria em 1997, Charles Taylor é acusado de 11 crimes de guerra e crimes contra a humanidade, entre eles homicídio, estupro e recrutamento forçado de meninos-soldados, cometidos durante a guerra civil em Serra Leoa, que deixou 120.000 mortos e milhares de mutilados entre 1991 e 2001.

"Sou inocente de todas essas acusações. Todo esse caso é uma encenação, uma enganação baseada em mentiras", clamou o réu.

Taylor é a primeira testemunha convocada pela defesa, que começou a apresentar seus argumentos ao tribunal na segunda-feira. O julgamento fora suspenso em fevereiro, depois de a acusação ter convocado sua última testemunha.

O depoimento de Charles Taylor, primeiro chefe de Estado africano a ser julgado por um tribunal internacional, deve durar várias semanas.

"Taylor tem agora a oportunidade de tentar fazer desacreditar as provas apresentadas pelas 91 testemunhas da acusação que depuseram contra ele", declarou o procurador do TESL, Stephen Rapp, entrevistado nesta terça-feira pela AFP. "Assim que ele terminar, estaremos prontos para o contra-interrogatório", acrescentou.

"Não dei nenhuma ajuda militar à RUF para invadir Serra Leoa", ainda afirmou o réu, garantindo pelo contrário que fez "de tudo" para levar este país "à mesa das negociações de paz".

Questionado sobre as amputações em grande escala de civis pelos rebeldes da RUF, ele afirmou: "é impossível que eu tenha ordenado isso".

"Como presidente da Libéria, minha principal preocupação era: 'como vamos reconstruir este país devastado pela guerra, cuja economia está em ruínas?' Durante toda minha vida, lutei para fazer o que pensava ser justo e do interesse da justiça", prosseguiu o ex-presidente africano.

Taylor ainda disse que os chefes de Estado da África Ocidental lhe prometeram que ele não seria perseguido se aceitasse se exilar para a Nigéria, o que fez em 2003. Porém, foi detido em março de 2006 naquele país e transferido em seguida à Holanda, onde está preso até agora.

"Não consigo entender todas as intrigas que foram tramadas contra mim. Estou furioso com Obasanjo", declarou, referindo-se ao presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo.

O julgamento de Charles Taylor foi deslocado de Freetown a Haia para evitar qualquer risco de desestabilização da região. O veredicto é aguardado para meados de 2010.




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