O vereador de Mauá Cincinato Freire (PDT) já se disse traído pelo governo e se uniu à oposição para impor derrotas à administração do prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT). Voltu à bse, mas nas últimas sessões da Câmara, não poupou críticas à gestão. A mudança de postura e o envio de recados ao chefe do Executivo não são por acaso: o pedetista exige mais "respeito" do petista, sob a ameaça de não caminhar junto ao projeto de reeleição de Oswaldo em 2012.

 "Até pelo período (pré-eleitoral) a gente caminha mais pela cidade e acaba sendo mais cobrado pela população. Ouvimos muitas reclamações sobre o governo e temos de tomar alguma atitude", diz o parlamentar, integrante da base de sustentação ao prefeito, bloco que, afirma, não pretender deixar. "É postura um pouco mais independente, mas isso não significa que deixei a base."

Além do eventual atendimento aos reclames populares, o posicionamento é baseado no "pouco" espaço que ostenta no governo. Em meados deste ano, Cincinato organizou a debandada de seu grupo do PSDC para o PDT. A transição envolveu cerca de 3.000 militantes, entre eles a secretária de Educação, Margaret Freire, mulher do vereador e única integrante pedetista no primeiro escalão.

Cincinato não confirma, mas informações de bastidores apontam que o descontentamento se dá por Margaret não ter autonomia para a implantação de projetos na Pasta. Apesar de ostentar a titularidade da área que administra a segunda maior fatia do Orçamento (para 2012, terá R$ 116,2 milhões para trabalhar, atrás apenas da Saúde, com R$ 189,9 milhões), o PDT não possui representação nos demais setores da Educação, que na prática é comandada pelo grupo do secretário de Governo, José Luiz Cassimiro (PT), braço-direito de Oswaldo.

 "Precisamos ser mais respeitados e na política é preciso ter reciprocidade. O partido tem de ser chamado pelo governo a participar mais, para sentirmos esta cumplicidade", discorre o parlamentar que, embora não seja o presidente do PDT no município (cargo ocupado por seu fiel escudeiro Cláudio Donizete), é o quadro pedetista com mais influência junto à administração e à cúpula estadual.

SEM EFEITO

Oswaldo Dias ressalta não se preocupar com as críticas de Cincinato, classificando-as de "salutar para a democracia". O prefeito diz avaliar a atuação dos vereadores governistas com base na aprovação das matérias enviadas pelo Executivo à Câmara, e não sobre o que dizem na tribuna. "Não faço muito cálculo destas coisas. Avalio em cima do que é essencial, que é o voto aos projetos. Então, não me preocupo. Pode discordar, não tem problema", afirma, descartando alterações no primeiro escalão.