Política Titulo Santo André
'Não há espaço para a independência na política'

PDT e DEM têm usado o termo para justificar
suposta autonomia nas votações em Sto.André

Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
28/06/2009 | 07:16
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A palavra independência tem sido bastante empregada ultimamente na Câmara de Santo André. PDT e DEM, dois dos partidos considerados aliados ao prefeito Aidan Ravin (PTB), têm especialmente usado o termo para justificar uma suposta autonomia nas votações.

Para vereadores e especialistas políticos, no entanto, a independência existe somente quando um partido claramente define o bloco político no qual se encaixa: oposição ou sustentação. No mais, consideram que a independência é mais uma forma cômoda de não se comprometer politicamente com nenhum dos lados e tentar tirar algum tipo de vantagem da situação.

Há quase duas semanas, a cúpula pedetista no município se reuniu com o intuito de formalizar o ingresso na base aliada do governo. Vozes discordantes na sigla, porém, forçaram com que o partido protelasse a decisão. Com isso, Ailton Lima, único vereador da legenda na Casa, anunciou que o PDT continuaria a atuar com independência no Legislativo.

Somado à declaração do pedetista há o posicionamento inconstante dos democratas. Declaradamente situacionistas, começaram a bater de frente com o poder público em função de demandas não atendidas. Agora, sempre que podem, declaram-se independentes (à exceção de Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho).

CRÍTICAS - As duas situações têm gerado reações diversas no Legislativo. "Acho difícil haver um espaço para independentes quando há oposição e situação bem definidas, como em Santo André. Fica fácil identificar quem é quem", ressaltou Almir Cicote (PSB).

Segundo ele, apenas o PT é oposição ao governo. "O restante está alinhado com a administração. E podemos constatar por meio das votações e depoimentos de cada vereador. É complicado falar em independência quando você tem conceitos formados. É mais uma estratégia política."

Presidente da Câmara, Sargento Juliano (PMDB) é outro que não acredita nesta autonomia. "Quem diz ser independente não sabe muito o que está fazendo no momento. Precisa fazer uma reflexão maior."

Especialistas políticos também discordam da propagada independência. "O quadro partidário fragmentado dificulta a criação de uma consciência programática ideologicamente. Geralmente é oposição ou situação. Do contrário, a dança é conforme a música. Não é raro vermos no mesmo partido discursos se cruzando, apontando caminhos diferentes", afirmou Marco Antonio Carvalho Teixeira.

"A pergunta é: independente ao quê? Essa atitude é tomada quando interesses não são atendidos e o partido quer negociar. Fica essa postura de morde e assopra, negociando a varejo. É uma vergonha", disse Sávio Ximenes Hackradt.

O contraponto veio exatamente de Ailton Lima. "Não se trata de comodidade, e sim coerência. As relações político-partidárias deveriam ser independentes. Assim, evitariam o rótulo de oposição ou situação. A impressão é que ou você é contrário ou é favorável a tudo. Como se ninguém pensasse ou discutisse nada."




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