Patrimônio do heavy metal mundial, o grupo britânico Iron Maiden lança o DVD duplo "Flight 666 - The Film" (Emi, R$ 55, em média). Os vídeos conferem aos fãs da legendária banda acesso privilegiado aos bastidores da primeira parte da turnê mundial Somewhere Back in Time, que passou pelo Brasil em 2008 e retornou em março.

Conduzido pelo cantor e piloto profissional Bruce Dickinson, o Boeing 757 Ed Force One (customizado com o logo do Maiden e a indefectível mascote Ed) percorreu 70 mil quilômetros, ao redor de cinco continentes. No início da empreitada, Dickinson mostrou-se apreensivo com a responsabilidade.

"Eu estava sob extrema pressão porque, na manhã da partida, ainda não tínhamos assinado os papéis necessários para voarmos. Para mim, foi muito estressante", confessa o cantor.

Durante a viagem, entretanto, os outros músicos e a equipe técnica só quiseram saber de festa e esbaldaram-se bebendo vinho e contando piadas. A primeira parada da turnê, que revisita os clássicos gravados pelos ingleses nos anos 1980, ocorreu em Bombaim, na Índia.

Os simpáticos e veteranos headbangers foram recepcionados no aeroporto por adolescentes histéricos. No Japão, foram tratados com a mesma deferência, e uma garota declara que gostaria de ser a filha do introspectivo baixista Stevie Harris. Hábil em palcos e estúdios, o instrumentista é o norte musical dos companheiros.

Em território brasuca, a devoção continuou: os produtores entrevistaram o pastor e fã do Maiden, Marcos Motolo, que tem 172 tatuagens inspiradas na banda.

O segundo DVD contém performances em shows. No set list, sucessos como "Aces High", "2 Minutes to Midnight", "Run to the Hills" e "Fear of the Dark". O grupo entrega com a habitual competência exatamente o que se espera dele. Não há inovações, afinal, o que as multidões querem é ouvir os agudos de Dickinson, as escalas menores executadas pelo trio de guitarristas formado por Janick Gers, Adrian Smith e Dave Murray, e o virtuoso baixo galopante de Harris.

Outros lançamentos

Wilson Simonal - Carisma imbatível e interpretações envolventes alçaram Wilson Simonal ao primeiro escalão da música brasileira, no fim dos anos 1960. A trilha sonora do recomendável documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei (EMI, R$ 20, em média) comprova isso e oferece saborosos quitutes para iniciados e curiosos a respeito da obra do primeiro popstar negro do Brasil. Antes de ser condenado ao ostracismo, devido à acusação de atuar como informante da ditadura militar, o artista disputou em popularidade com Roberto Carlos.

O álbum traz clássicos do gênero "pilantragem", como ficou conhecido o estilo de Simona, Mamãe Passou Açúcar em Mim. Também merecem menções honrosas o lirismo de Sá Marina e o ativismo explícito de Tributo a Martin Luther

Mario Adnet e Phillippe Baden Powell - Homenagem a um personagem fundamental da história do violão brasileiro, o CD Afrosambajazz - A Música de Baden Powell (Biscoito Fino, R$ 28, em média) reúne versões instrumentais para composições do artista escritas em parceria com Vinicius de Moraes e Paulo César Pinheiro. Filho do homenageado, Phillipe divide com Adnet os violões e a produção dos arranjos, interpretados por refinado grupo de apoio, com músicos da estirpe de Armando Marçal (percussão) e Ricardo Silveira (guitarra).

No repertório, em que dialogam o virtuosismo jazzístico e os ritmos africanos, sobressaem faixas como Lamento de Exu, pontuada por belos arpejos de Silveira, Canto de Ossanha e Suíte Yansan. Esta última é exceção entre os temas instrumentais, com letra cantada por Maucha Adnet e Mônica Salmaso.

Rodrigo Santos - Cercado de amigos, o baixista do Barão Vermelho lança O Diário do Homem Invisível (Som Livre, R$ 24, em média), segundo álbum de sua carreira solo. O disco apresenta um instrumentista calejado, conhecedor dos clichês do pop rock e capaz de caminhar em outras searas musicais. Entre os diversos convidados do CD estão o grupo Cidade Negra (em Não Vá) e Ney Matogrosso (que interpreta a passional e psicodélica Você Não Entende o que é o Amor).

Apesar da experiência, Rodrigo ainda precisa amadurecer como cantor e letrista, como demonstra na faixa de abertura Trem-Bala (com introdução em que a sequência de notas remete à Go Back, dos Titãs) e em Sete Vidas.