Economia Titulo Mercado de trabalho
Sobe exigência de
empregador e renda cai

Reestruturação produtiva e aumento de trabalhadores
qualificados são alguns exemplos que explicam cenário

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
12/12/2011 | 07:30
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Em 20 anos encerrados em 2010 o emprego da região mudou da água para o vinho. Dentro das 61 categorias listadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, cerca de 800 mil trabalhadores preenchiam vagas formais do comércio, setor de serviços e indústria no fim do ano passado, contra 500 mil em 1990. E quem estava inserido no mercado de trabalho há 20 anos pôde notar as mudanças. Enquanto as exigências dos setores aumentaram em relação a 1990, a remuneração oferecida para esse alto grau de proficiências e experiências caiu no mesmo período.

Esta foi a conclusão da monografia Evolução do emprego formal na região do Grande ABC de 1990 a 2010 do consultor de processos e controladoria Vitor Hermes Andrade de Sá. No sábado, na Faculdade de Economia da Fundação Santo André, Sá foi contemplado com a nota 10 pelo trabalho de conclusão de curso que mais se aproximou a um raio-x do mercado de trabalho da região.

"Este fenômeno se deu pela reestruturação produtiva que ocorreu na região, muito por causa do aumento da terceirização da produção. Enquanto na média nacional o profissional que adquiria mais experiência e qualificação teve um incremento na renda, no Grande ABC, muitas vezes, pode ter ocorrido o inverso", avaliou o economista, que também é integrante do Núcleo de Estudos de Desenvolvimento Local da FSA.

O professor de Economia Regional e Política de Planejamento Econômico Ivan Prado analisou que, com base no trabalho apresentado por Sá, que apresentava análise da série histórica, a tendência é que a curva de ascensão da exigência continue para cima, e ao mesmo tempo a remuneração continue caindo.

Essa evolução da exigência do mercado de trabalho ocorre, principalmente, pela ampla oferta de mão de obra qualificada na região. "E o problema é que se você tem um cargo alto, que tem ampla exigência, e um bom salário, você pode ser substituído por duas pessoas com qualidades semelhantes à sua e que vão ser menos remuneradas", disse Sá.

 

PARTICULARIDADE

Outro ponto que contribuiu para o cenário de ampliação da exigência e redução das remunerações é a história do Grande ABC. No início da década de 1990, segundo as análises de Sá, a região tinha 56,7% dos trabalhadores com remuneração acima de cinco salários-mínimos. No mesmo período, apenas como comparação, o País tinha média de 32,2%. "Na época o Grande ABC já era forte na indústria e o trabalhadores, mesmo sem tanta experiência e ensino, tinham bons salários", explicou Sá.

Assim, com a base forte, e o aumento da oferta de trabalhadores bem qualificados, o resultado foi queda na renda média para muito experientes.

Em número de empregados houve evolução de 189,8% para o grupo com remuneração de até cinco salários-mínimos, passando de 218.769 trabalhadores em 1990 para 634.088 no fim do ano passado.

Por outro lado, o grupo de trabalhadores com renda acima de cinco salários-mínimos caiu 47,3%, passando de 286.032 empregados para 150.598.

 

Grupo dos mais velhos tem maior expansão na região

 

O número de empregados formais com idade entre 50 e 64 anos no Grande ABC cresceu 131,1% entre 1990 e 2010. Foi a maior expansão entre as sete faixas etárias apuradas pelo economista e consultor de processos e controladoria Vitor Hermes Andrade de Sá. "Esse çresultado pode ser explicado pelo menor índice de demissões para os trabalhadores mais velhos, pois têm mais experiência e qualificação. No entanto, isso não descaracteriza a dificuldades que eles enfrentam para encontrar novas vagas", explicou Sá, com base na análise de sua monografia apresentada no sábado.

A faixa etária de até 17 anos foi a única com queda, de 67,5%. O número de trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos subiu 22,9%, e o grupo de empregados formais com idades entre 25 e 29 anos saltou 52% nos 20 anos, mesmo percentual da faixa etária de 30 anos até 39. O grupo com idade entre 40 e 49 anos cresceu 89%, e acima de 65 anos cresceu 104%.




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