Após meses de embate entre as bases de situação e oposição, que resulta no travamento da pauta, a Câmara de São Bernardo pode entrar hoje em entendimento. A luz no fim do túnel foi acesa pelo presidente da Casa, Otávio Manente (PPS), que pretende reunir os sete líderes partidários na tentativa de solucionar o impasse. A sessão de ontem foi mais uma vez marcada por tumulto e críticas mútuas entre as bancadas adversárias.

"A intenção é organizar o Legislativo para que o trabalho possa fluir a partir das próximas plenárias. Se continuarmos da maneira que está, ficamos sem expressão. Quero o bem dos 21 vereadores. Se está havendo defeito na condução do processo, vamos corrigir", observou o popular-socialista.

A declaração de Manente ocorreu depois de outro áspero debate entre os parlamentares, rotina na Câmara na atual legislatura. Tanto os motivos quanto as consequências foram os mesmos de episódios anteriores.

Insatisfeitos com a ausência de proposituras do bloco oposicionista na Ordem do Dia, os vereadores do PSB, PSDB e PMDB se retiraram do plenário a fim de provocar falta de quorum, o que impossibilitou a apreciação de requerimento. A estratégia também fora adotada no dia 20 de maio, quando seriam avaliadas três matérias que versavam sobre empréstimo da sede da Câmara para outras entidades.

A matéria em votação ontem convocava a secretária de Educação e Cultura, Cleuza Repulho, para explicar na Câmara as causas de dois galpões da Prefeitura estarem lotados de equipamentos eletrônicos que, segundo a atual administração, deveriam estar instalados nas escolas desde o ano passado, o que atingiria também a gestão do ex-prefeito William Dib (2002 a 2008).

"Só colocam propostas deles na pauta. Nosso desafio é chamar uma sessão permanente (sem hora para acabar) e analisar todos os itens. Nem que seja para ficar três dias seguidos discutindo ou mesmo votar contra os projetos, mas colocar em debate e limpar o expediente", sugeriu Admir Ferro (PSB).

Atualmente, são 91 proposituras que aguardam entrar na Ordem do Dia para serem aprovadas, a maioria requerimentos de informações que têm de passar pelo crivo dos parlamentares antes de chegar aos responsáveis da Prefeitura. Destas, 62 são da oposição e 29 do grupo de apoio à administração de Luiz Marinho (PT).

"Eles não têm coragem de debater e fogem do plenário", atacou o líder petista Tião Mateus. "Não nos espanta a ausência da oposição, pois queremos abrir o jogo do que ocorria na Educação da cidade em anos anteriores", destacou Wagner Lino (PT).

Segundo o requerimento do vereador José Ferreira (PT), estão estocados dezenas de televisores, geladeiras, armários, aparelhos de DVD, impressoras e outros eletroeletrônicos que somam investimento de R$ 5,7 milhões, mas desde 2008 não foram colocados nas instituições de ensino inauguradas no período.

Admir Ferro contestou os números. "Muitas coisas já foram acomodadas nas novas unidades e o restante ficou para a gestão atual continuar o trabalho", frisou o tucano.