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Famílias da Naval esperam casa própria

Moradores da favela aguardam cumprimento de promessas feitas pelo prefeito Luiz Marinho durante campanha

Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
21/04/2009 | 08:44
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Há 30 anos Maria de Fátima dos Anjos, 56, mora em um barraco na favela Naval, em São Bernardo, divisa com Diadema. Desde que chegou ao local, vinda do Nordeste, ouve promessas de que em breve terá casa própria, de que todas aquelas casinhas de madeira amontoadas na margem do córrego serão retiradas. Porém, isso não aconteceu. De acordo com o prefeito Luiz Marinho (PT), desde janeiro a cidade sofreu 18 deslizamentos. A maior parte - 15 - na favela Naval e outros três no bairro Montanhão.

A Defesa Civil atendeu 200 ocorrências neste período, número considerado alto pela administração, que afirmou não possuir levantamentos da gestão anterior. Só na última tempestade, ocorrida em 17 de março, 13 barracos deslizaram na favela Naval.

"Sempre ouvi promessas e nada aconteceu. Acho que não vou sair daqui nunca. O prefeito Luiz Marinho (PT) passou aqui na época de eleição. Disse que as coisas vão mudar. Mas é difícil acreditar", contou Maria de Fátima.

Assim como ela, os moradores da favela Naval não conhecem o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, que subsidiará 1 milhão de casas populares em todo o País e beneficiará famílias com renda entre zero e 10 salários mínimos. Ela e as outras 210 famílias que ocupam o local também não têm informações sobre as propostas municipais de habitação.

"Não sabemos se estão construindo prédios para a gente, nem onde fica e muito menos quando sairemos daqui", declarou a moradora Juliana Soares Faria, 19 anos, que vive no local desde a metade de 2006.

"O que estão oferecendo agora é o renda-abrigo. A assistente social da Prefeitura já cadastrou todo mundo aqui", comentou outra moradora, Rosângela Tadeu dos Santos Banzatti, 50 anos. Ela mora na favela há um ano. O barraco é próprio e custou R$ 5.000.

O valor mensal do renda-abrigo oferecido pela Prefeitura, para que ela e as quatro pessoas com quem mora deixem o barraco, é de R$ 315. O dinheiro seria utilizado para pagar o aluguel fora da área de risco. "O problema é que os donos das casas desistem de fazer a locação quando percebem que há criança na família", lamenta a dona de casa, que cuida de um netinho de 1 ano.

De acordo com a assistente social da prefeitura que atende o local, após a última grande chuva, 120 famílias da comunidade foram notificadas para deixar suas casas e aderir ao renda-abrigo. "Só 58 delas nos procuraram. Eles alegam que não conseguem alugar casas porque têm bebês ou muitas crianças que vivem juntas."

Prefeitura afirma que moradias já têm lugar certo e obras começam neste ano

O chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), afirmou que o Plano Preventivo da Defesa Civil já mapeou todas as áreas de risco na cidade. Os moradores da favela Naval serão contemplados com moradias próprias através de um "contrato firmado com o governo federal".

A Prefeitura afirmou que o terreno para a construção das casas populares já foi escolhido. Para assegurar a chegada dos recursos, foi preciso a elaboração de um novo programa, que deve ficar pronto em maio. O próximo passo será a abertura do processo de licitação. A promessa é de que as obras comecem ainda neste ano. A área, onde deverão ficar as moradias, e o prazo de conclusão não foram divulgados pela administração.

Os moradores de outras áreas de risco da cidade, segundo o prefeito, não serão esquecidos. "Elas constituem uma das prioridades para atendimento no programa Minha Casa, Minha Vida e também do programa de Produção Habitacional municipal." No dia 27, Marinho assinou o contrato do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Pró Moradia ao lado do ministro das Cidades, Márcio Fortes. O convênio, no valor de R$ 93 milhões, será utilizado para a construção de 1.236 unidades habitacionais no conjunto Três Marias, no bairro Cooperativa. Também estão previstas obras de infra-estrutura.

"Vamos esperar e rezar para que essas promessas feitas durante a eleição virem realidade. Quem sabe qualquer dia desses alguém da Prefeitura apareça com a notícia de que a nossa casa já tem data para ficar pronta. Porque até agora só ouvimos falar desse auxílio-moradia", afirmou Josefa Olivia dos Santos Valente, 50 anos, e moradora da favela Naval há dois.




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