Quatro horas e trinta minutos foi o tempo que os vereadores de São Bernardo precisaram para não votarem nenhum projeto. A décima sessão ordinária da Câmara foi a mais improdutiva do ano. Não bastasse isso, a plenária foi encerrada com o clima de animosidade entre os vereadores Ary de Oliveira (PSB) e Paulo Dias (PT), que trocaram farpas minutos antes do encerramento.

A temperatura esquentou quando o parlamentar petista pediu recesso de 20 minutos para analisar o requerimento feito por Ary de Oliveira - que pede ao Executivo cópia dos levantamentos realizados em 2005 pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) sobre as áreas de risco na cidade. "A bancada governista quer prorrogar a sessão para não votar nada e enganar a população", lamentou o socialista.

Outros 10 minutos de suspensão foram concedidos pela mesa diretora depois que o líder do governo, José Ferreira (PT), pediu para entrar em contato com o vereador Tião Mateus (PT) sob o argumento de que ele estaria ausente para visitar a sogra no hospital. "Então, quer dizer que se um cachorro ficar doente a sessão será interrompida?", reclamou Ary.

A resposta veio rápido. "Vereador não é cachorro", contestou Paulo Dias, que antes de deixar o plenário alfinetou: "Você votou contra o projeto da Saúde e agora está falando sobre o que não sabe, seu bobão". O embate foi finalizado por Ary: "E você que usa carro oficial para ir em festas particulares?".

Em meio ao bate-boca, o público se dividiu. Enquanto parte gritava em prol do petista, outros diziam que andar por aí com carro pago com dinheiro público merece punição. Ary de Oliveira ainda tentou se defender. "Foi só um exemplo. Não chamei ninguém de cachorro. Fui mal interpretado porque acho que não se pode usar qualquer desculpa para suspender os trabalhos na Casa."