Obras na biblioteca estão paralisadas; rombo orçamentário da outra gestão seria justificativa
O setor cultural de Mauá está em crise e o prefeito Oswaldo Dias (PT) não cumprirá em 2009 a principal promessa para o setor feita durante a campanha: a conclusão da Biblioteca Municipal. Iniciada em 2003, no fim do segundo mandato do chefe do Executivo, a obra não obteve a aprovação do Corpo de Bombeiros e foi alvo de questionamentos por parte do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que constatou pagamentos em duplicidade à empresa responsável pelo empreendimento.
Desde então, a biblioteca já consumiu cerca de R$ 3,7 milhões dos cofres públicos e tornou-se um dos elefantes brancos do Grande ABC. A justificativa apresentada pela Prefeitura para não retomar os trabalhos é a mesma utilizada em outras áreas sob responsabilidade da administração: o rombo orçamentário de R$ 217 milhões deixado pela gestão do ex-prefeito Leonel Damo (PV). A dívida total do município é de aproximadamente R$ 2 bilhões.
"Quando o prefeito fez essa proposta, não tinha a extensão da dívida. Pode ser que ele discorde e me mande embora, mas se você me perguntar, acho inviável na situação em que a gente está hoje concluir esse prédio, por enquanto", disse o secretário de Esportes, Cultura e Lazer José Estevam Gazinhato.
Ele ressalta que não houve processo de transição em Mauá e os representantes do governo Damo não repassaram informações sobre os problemas da máquina administrativa. "Não dá para criticar esse ou aquele setor, mas claro que a administração passada é responsável", afirmou.
TEATRO E OFICINAS - Umas das primeiras providências de Gazinhato ao assumir o cargo foi o conserto de 98 poltronas deterioradas do Teatro Municipal, o único da cidade. O secretário também optou por não renovar o contrato com o Instituto Carvalho, que fornecia profissionais para as oficinas culturais gratuitas, por considerar os valores abusivos. Entre 2006 e 2008, a entidade recebeu R$ 2,1 milhões do Executivo. As oficinas serão retomadas com a contratação de 30 professores prevista no projeto de lei aprovado pela Câmara há cerca de um mês.
Para superar as dificuldades financeiras, Gazinhato defende parcerias com o governo federal e a autorização para que a Prefeitura utilize recursos do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), que patrocina projetos de artistas locais. "No teatro, por exemplo, teve um show do Zé Geraldo, sem custo para a Administração, a não ser o operacional. Dez por cento de toda a bilheteria foi para o FAC. Estamos estudando com o prefeito uma mudança da lei para que 20% desse percentual volte para projetos ou para a manutenção dos equipamentos de cultura".
PROGRAMAS - Entre os programas desenvolvidos pela secretaria destacam-se ainda o Ciclo Aberto, fórum de discussão sobre políticas culturais, e o Quartas Intenções, que abre espaço para produções do município, sempre às quartas-feiras. Ambos são realizados no teatro. "Mauá tem uma vocação para a criatividade. Em 1997 (no primeiro mandato de Dias), as oficinas começaram com um professor, não tínhamos um monte de coisas e conseguimos nos tornar uma referência, com a realização das mostras teatrais. Isso está acontecendo agora com o Quartas Intenções. Logicamente, temos os limites financeiros que dificultam algumas coisas, mas com criatividade começaremos a sair disso", explica o coordenador de Cultura Caio Evangelista.
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