Política Titulo Filiados
Militância cresce 30%
em dez anos na região

Em contrapartida, o eleitorado da região aumentou 19%
de 2002 até o ano passado, de acordo dom dados do TSE

Beto Silva
Gustavo Pinchiaro
17/03/2013 | 09:46
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O número de filiados em partidos políticos do Grande ABC cresceu 28,94% em dez anos. Enquanto em 2002 eram 159.807 inscritos nas siglas, o ano passado fechou com 206.056 militantes em agremiações nas sete cidades. No mesmo período, o eleitorado aumentou 18,87% (ou 314.342 votantes, equivalente à cidade de Diadema) e quase atingiu 2 milhões em 2012 (veja arte completa ao lado). Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Há dez anos, 9,59% dos eleitores da região preencheram ficha nas legendas. De lá para cá, o período em que menos houve filiados foi em 2009, quando 8,43% tinham ligação direta com os partidos. O ano de maior representatividade foi 2011, quando 10,51% das pessoas aptas a votar tinham registro em agremiações. O ano passado fechou com índice de 10,40%.

Os percentuais do Grande ABC são parecidos com os apresentados no Brasil e superiores aos constatados no Estado de São Paulo. No País, há dez anos havia 9,65% do eleitorado filiado a partidos. Atualmente são 10,77%. Já em território paulista foram 8,92% de inscritos em siglas em 2002, com evolução para 9,40% no fechamento do ano passado.

 

ANÁLISE

Segundo a professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro Souza Braga, o crescimento de filiações reflete em maior interesse do cidadão em participar da política e da vida partidária. "O fato de ter esse vínculo, de assinar uma ficha em um partido, mostra que tem mais vontade de ficar próximo do partido. Legendas mais à esquerda costumam fazer movimentação maior."

A especialista avalia que, em outras democracias latino-americanas, o número de cadastrados tem caído. "O Brasil faz o caminho inverso", salienta, ao avaliar que tem de ser analisado também a atuação efetiva dos filiados nas discussões. "Aí é um estudo que deve ser feito com mais qualidade, entrevistando esses filiados para saber mais profundamente desse vínculo."

O cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, ressalta que a diminuição dos partidos políticos (hoje o Brasil possui 31 legendas), cada um com posição ideológica mais delineada, ajudaria a elevar ainda mais o número de filiados. Ou seja, a quantidade excessiva de siglas prejudica o interesse pela vida partidária.

"Quem sabe, para o avanço da democracia, o qualitativo seria a redução do número de partidos. Se você olhar os programas dos partidos, eles existem, estão lá. Mas o problema é que a maioria dos dirigentes não tem a menor noção do que eles representam e como executar. São simplesmente para atender suas questões pessoais", enfatiza o professor.

 

De cada quatro filiados, um é do PT; PRP e PV surpreendem

 

De cada quatro filiados no Grande ABC, um é do PT. O partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva registra 52 mil dos 206 mil inscritos em partidos nas sete cidades. A segunda maior legenda em número de militantes é o PMDB.

Os petistas mantêm hegemonia nesse quesito desde 2002 e abriram vantagem em dez anos (veja arte acima). "O trabalho deles de base é muito maior que qualquer outro partido", frisa a professora Maria do Socorro Souza Braga, ao observar o trabalho nas lutas sindicais e sociais. O PSDB, maior rival do PT em âmbito nacional, é o quarto no ranking das filiações.

Na última década, o PV foi a agremiação que mais cresceu proporcionalmente. Passou de 1.580 fichas há dez anos para 6.265 agora. Outro dado curioso é a força do PRP. Considerado partido nanico, mantém cerca de 4.000 filiados ao longo desses anos. Na região, possui dois vereadores: um em Mauá (Admir Jacomussi) e outro em Santo André (Tonho Lagoa).

 

São Bernardo possui menos inscritos; Rio Grande tem mais

 

Apesar de ser berço de movimentos sociais e políticos, São Bernardo é a cidade da região que possui menos filiados proporcionalmente: apenas 4,80%. Por outro lado, Rio Grande da Serra tem mais inscritos: 18,22%.

Em números brutos, a cidade do ex-presidente Lula é apenas a quarta colocada com 26 mil inscritos nas siglas. Mauá é a que possui mais militantes oficializados em números totais (36.277), seguida de Diadema (36.140) e Santo André (35.740).

Nos últimos dez anos, Rio Grande registrou o maior percentual de fichas junto ao TSE. Em 2002, os 7.400 eleitores ativos nos partidos representavam 26,06% do eleitorado total da cidade. Naquele ano, São Bernardo também tinha o menor índice entre os sete municípios: 6,09%.

O menor número de filiações na última década, na região, também é do berço do PT. Em 2006, São Bernardo tinha apenas 4,55% do eleitorado filiado a um partido.

 

 

 

 




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