Política Titulo Prefeito de SP
Kassab não cita Alckmin ao governo
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
23/02/2009 | 07:31
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O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), passou pelo Grande ABC na semana passada como um furacão. Em reunião com os sete prefeitos da região - com duração de pouco mais de três horas - trouxe sugestões para resolução de problemas comuns entre as oito cidades, ampliou a pauta do Consórcio Intermunicipal e lançou em primeira mão o projeto "pulmão verde", espécie de cinturão com vegetação no entorno das pistas do Rodoanel. De quebra, comentou, ainda que de maneira superficial, a conjuntura política que culminará nas eleições para presidente, governadores, deputados estaduais e federais e senadores. Ao analisar a futura chapa majoritária do grupo liderado por DEM e PSDB que disputará o Palácio dos Bandeirantes, Kassab deixou de citar seu próprio nome, além do atual governador José Serra (PSDB) e do ex-comandante tucano do Estado Geraldo Alckmin. O descarte de Serra é justificado pelo fato de estar na briga interna do partido pela candidatura à Presidência da República. Já Alckmin é citado nos bastidores como provável pleiteante da sigla ao governo paulista. Ele, inclusive, foi convidado recentemente por Serra para gerenciar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Em rápida entrevista exclusiva concedida ao Diário, o democrata, que geralmente gosta de ser bem explicativo em suas respostas, conferiu análise curta e grossa quando o assunto foi a posição do DEM em Santo André e São Bernardo. Kassab falou ainda sobre a importância de manter uma agenda de encontros entre os prefeitos das sete cidades e da Capital, criticou agentes públicos do passado sobre medidas referentes ao meio ambiente e elogiou os governos estadual e federal acerca das ações anticrise.

DIÁRIO - Qual a percepção que o prefeito de São Paulo tem do Grande ABC?
GILBERTO KASSAB - A região é uma das mais importantes do Estado de São Paulo. Aqui temos milhões de empregos, geração de receitas importantes para o poder público e o Consórcio, que representa os sete municípios, tem uma pauta em comum com a cidade de São Paulo. Diversas soluções podem ser encontradas em conjunto. Essa é a razão da minha presença no Grande ABC e a partir de agora, com a pauta de trabalho definida, enfrentamos o desafio de resolver os problemas.

DIÁRIO - Tardou para que os prefeitos da região se mobilizassem para encontros mais frequentes com o prefeito da Capital?
KASSAB - Olha, o importante é que os prefeitos de hoje, representados pela entidade regional, e recentemente empossados em seus municípios, estejam pensando dessa maneira. Não vamos olhar para trás, vamos olhar para frente. Os atuais sete prefeitos entendem dessa maneira, acham que é importante integrar a cidade de São Paulo nesse roteiro de trabalho e é isso que iremos fazer a partir de agora.

DIÁRIO - Essa integração deveria ser mais assídua? Faz-se cada vez mais necessária a resolução conjunta de problemas em comum?
KASSAB - É verdade. Porque vamos ter soluções de escala maior. Por exemplo, a questão do entulho. Sabemos que existem tecnologias que transformam o entulho em massa para a construção civil e na medida que tenhamos mais entulhos passa a haver também mais atrativos do ponto de vista financeiro para os empreendedores. Por que, então, não trabalhar em conjunto? Outro exemplo: o pulmão verde. O Rodoanel passa por várias cidades, portanto é uma ação integrada. E é uma ideia que já deu certo. Foi apresentada na reunião pela cidade de São Paulo, encampada pelas sete cidades, será levada ao Fórum Metropolitano, e teremos um pulmão verde ao longo do Rodoanel. É uma questão de tempo. O que fazemos hoje é algo que os prefeitos de 30, 40 anos atrás não fizeram. Se tivessem pensado no meio ambiente teríamos mais árvores, mais praças, mais parques e não precisaríamos do cinturão de vegetação no entorno da nova via do Estado de São Paulo.

DIÁRIO - Há plano para o crescimento do DEM na região?
KASSAB - Temos em São Paulo uma aliança do Democratas com o PSDB, com PMDB, PTB, PPS, PV, em nosso partido temos a preocupação de nas eleições do ano que vem se apresentar dentro desse arco com bons candidatos para que possamos ter a oportunidade de esse grupo continuar dirigindo o Estado de São Paulo. Vamos permanecer na aliança de apoio ao governador José Serra.

DIÁRIO - Mas passa pelo planejamento do DEM lançar mais chapas majoritárias para obter crescimento partidário - em 2008 o partido lançou apenas Raimundo Salles a prefeito de Santo André e garantiu somente seis das 108 cadeiras nos legislativos do Grande ABC?
KASSAB - Agora a hora é pensar em 2010.

DIÁRIO - O DEM de Santo André mantém postura independente ao governo do prefeito Aidan Ravin (PTB). Os três vereadores do partido chegaram a declarar apoio à administração, mesmo a contragosto do presidente municipal da legenda, Raimundo Salles. O sr. acredita que a decisão neutra é correta para que a sigla concorra novamente com chapa majoritária em 2012?
KASSAB - Acredito que os partidos (municipais) têm sua autonomia.

DIÁRIO - O mesmo vale para a aliança do DEM com o PT em São Bernardo?
KASSAB - Exato.

DIÁRIO - Há rumores de que Geraldo Alckmin seja o candidato tucano ao governo do Estado. A vitória do sr. sobre ele na disputa pela Prefeitura no ano passado o coloca também como um potencial candidato a governador?
KASSAB - Não. Fui eleito para ser prefeito de São Paulo. Tenho dito, e ainda há algumas semanas atrás me perguntaram da candidatura majoritária no ano que vem e eu disse que no momento certo o governador José Serra saberá convidar os partidos aliados para discutir. O Democratas tem bons nomes, como Guilherme Afif Domingos, o PSDB também, como o secretário (chefe da Casa Civil do Estado) Aloysio Nunes Ferreira Filho, as outras legendas aliadas também possuem bons quadros, mas na hora certa iremos discutir.

DIÁRIO - Existe acordo com o PSDB para que seu sucessor seja tucano?
KASSAB - Não. Isso não está em discussão.

DIÁRIO - As políticas das esferas federal e estadual têm ajudado efetivamente os municípios a enfrentar a crise financeira internacional?
KASSAB - Sim. Todos sabem e eu tenho demonstrado publicamente as importantes ações do ambos os governos.




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