O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), não renovou o contrato de convênio com monitores de 28 escolinhas de futebol mantidas pela administração desde 2002. A parceria com as escolinhas beneficia cerca de 5.000 crianças carentes entre 9 e 16 anos.
Sem receber desde dezembro, quando terminou o convênio, monitores estiveram ontem na Câmara para pedir aos parlamentares a resolução da questão. Mas, segundo a Secretaria de Esportes, embora haja interesse em continuar com o programa, o contrato ainda está sendo analisado e não há prazo para conclusão.
"Somos 28 monitores conveniados. Não recebemos o auxílio em janeiro. Prometeram que renovariam até ontem (anteontem) e nada. Estamos trabalhando de graça. O que vocês podem fazer por nós?", questionou aos vereadores o monitor Joabe de Melo da Silva, que dá aulas para crianças na escolinha de futebol da Vila São José. O salário do monitor é de R$ 1.200.
Proposta de convênio não chegou à Câmara
Sem a renovação do convênio com a Prefeitura de São Bernardo, os monitores das 28 escolinhas de futebol mantidas pela administração desde 2002 reuniram-se na manhã de ontem com vereadores na Câmara. A ideia era pedir agilidade no encaminhamento do projeto de lei que trata da nova contratação.
Mas a resposta dada pelo líder do governo no Legislativo, José Ferreira de Souza, o Zé Ferreira (PT), não agradou. "Por enquanto, nada pode ser feito. A Câmara não recebeu nenhum projeto do Executivo sobre o assunto. E mesmo que a Prefeitura tivesse enviado, não poderíamos apreciá-lo por causa deste imbróglio jurídico que impede votações (veja reportagem abaixo)." Mesmo assim, o parlamentar prometeu tratar do tema "com carinho", assim que o projeto fosse encaminhado pelo prefeito Luiz Marinho (PT).
"Temos crianças esperando para ter as aulas. Vamos ter de continuar trabalhando, mesmo sem receber. Só esperamos que a Prefeitura se posicione o mais rápido possível", afirmou o presidente do Esporte Clube Bola de Ouro, Ademilton Souza Novaes. A escolinha funciona na Vila São Pedro e atende 260 crianças.
Administração diz que manterá programa após reestruturação
A Prefeitura de São Bernardo garantiu que o programa das escolinhas de futebol que atende cerca de 5.000 crianças e adolescentes entre 9 e 16 anos terá continuidade.
A previsão é de que as aulas tenham início em março, após reestruturação em todo o projeto, que poderá ser ampliado.
Segundo a assessoria de imprensa da administração do prefeito Luiz Marinho (PT) a intenção é promover a atividade com parcerias e novos convênios para adequar o programa a uma proposta diferente da aplicada pelo ex-chefe do Executivo William Dib (PSB).
O contrato com 28 monitores expirou em 31 de dezembro e não foi renovado.
Segundo Paulo Leandro Fernandes, assessor direto do secretário de Esportes, José Luiz Ferrarezi, há uma série de itens que precisam ser melhorados no convênio. Entre eles a adequação dos locais onde funcionam as escolinhas, a garantia dos direitos trabalhistas e a qualificação dos profissionais. "A maioria deles não tem nenhuma formação e foi escolhida pelos presidentes dos clubes. Não temos esse controle e cuidar de criança é muita responsabilidade", ponderou.
Paulo Leandro explicou que o contrato vencido no dia 31 de dezembro está sendo "profundamente analisado pela Secretaria de Esportes" e deverá sofrer alterações. "Hoje, por exemplo, os monitores não recolhem INSS, não têm direito ao 13º salário, nem férias. O que eles recebem é um auxílio de R$ 1.200 pela prestação do serviço. Queremos oferecer isso tudo", disse.
O assessor explicou que durante algumas vistorias da Prefeitura foi constatado que muitas das sociedades esportivas oferecem condições de risco às crianças.
Mesmo sem receber o pagamento, o monitor Pedro Barbosa da Silva Filho garante que não deixará de dar as aulas de futebol a cerca de 150 crianças do Parque Seleta.
"Comecei a dar as aulas na semana passada. Pensei em parar, mas não posso deixar esta moçada nas ruas", disse. Enquanto não sai a renovação do contrato, o presidente do clube, Onofre Rodrigues, prometeu ajudar o monitor como pode. "Vou custear o marmitex e ajudar no que ele precisar."
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