Internacional Titulo Corajoso
Premiê turco é recebido como herói depois de bate-boca em Davos
Da AFP
30/01/2009 | 08:33
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, foi recebido como herói na noite de quinta-feira, em Istambul, em sua volta de Davos (Suíça), onde abandonou um debate sobre o conflito em Gaza no qual participava o presidente israelense, Shimon Peres, e se viu impedido de falar sobre o conflito militar na região.

O movimento radical palestinos Hamas também enviou uma nota agradecendo o gesto de Erdogan de defender as vítimas em Gaza.

Cerca de 3 mil pessoas, segundo os canais de TV turcos, foram receber o chefe de Governo no aeroporto internacional Ataturk de Istambul, agitando bandeiras turcas e gritando slogans "estamos orgulhos de você".

Recep Tayyip Erdogan ficou furioso e abandonou o recinto. O Hamas, por sua vez, enviou uma nota de agradecimento.

"O Hamas presta tributo à corajosa posição de Recep Tayyip Erdogan, que defendeu ao vivo em Davos as vítimas da guerra sionista criminosa contra nossos filhos e mulheres em Gaza, na cara do mal sionista Shimon Peres", afirmou o porta-voz Fawzi Barhoum em um comunicado.

"Consideramos sua saída da sala como uma expressão de apoio às vítimas do Holocausto cometido pelos sionistas", acrescentou.

Na véspera, Erdogan deixou de repente um debate sobre o conflito em Gaza por ter sido impedido de falar após uma longa intervenção do presidente israelense.

"Não acho que voltarei a Davos", vociferou Erdogan, muito irritado, ao deixar o salão, onde também estavam o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, e o secretário da Liga Árabe, Amr Mussa.

O premiê turco desejava responder a uma longa intervenção de Peres sobre a ofensiva israelense na Faixa de Gaza, mas o jornalista que mediava o debate o interrompeu insistentemente para assinalar que estava encerrado.

Ignorando as interrupções do organizador, Erdogan criticou o público por ter aplaudido o pronunciamento do presidente israelense.

"É triste ver pessoas aplaudindo porque muita gente morreu. Penso que eles estão errados em aplaudir ações que mataram pessoas", declarou o dirigente turco, referindo-se à ofensiva israelense na Faixa de Gaza, tema do debate, que deixou mais de 1.330 mortos palestinos.

Os aplausos também foram ouvidos quando Erdogan deixou o recinto. Antes disso, Peres defendera com veemência a intervenção armada de seu país na Faixa de Gaza, chegando a elevar a voz várias vezes.

Dirigindo-se a ele, Erdogan disse: "você deve estar se sentindo culpado, por isso falou tão alto". "Vocês mataram gente. Me lembro das crianças mortas", acrescentou.

"O que você faria se dezenas de foguetes caíssem todas as noites sobre Istambul? Israel não quer matar ninguém, mas o Hamas não nos deu outra escolha", respondeu Peres.

Durante o debate, o secretário-geral da ONU pediu a Israel que mostrasse "a maior moderação para preservar o cessar-fogo".

Amr Mussa evitou olhar para o presidente israelense durante todo seu discurso. A presidência de Israel, por sua vez, negou nesta sexta-feira que Shimon Peres tenha pedido desculpas a Erdogan, ao contrário do que foi divulgado pela agência turca Anatólia.

Segundo a Anatolia, Peres teria se desculpado ante o chefe de Governo turco.

"Essa afirmação não tem qualquer fundamento", declarou a porta-voz da presidência, Ayelet Frish, confirmando, no entanto, que Peres ligou para Erdogan e que os dois mantiveram uma conversa amistosa.

"Durante esta conversa, o primeiro-ministro turco enfatizou que seu gesto não foi por Peres e sim pelo moderador do debate, que interrompeu sua palavra", explicou.




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