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Sindicato aceita redução de salário e contraria centrais

Metalúrgicos de S.Bernardo fecharam acordo sigiloso há mais de 20 dias; CUT é contrária às reduções

Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC
29/01/2009 | 07:00
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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contrariou as orientações da direção CNM/CUT (Central Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores) e assinou um acordo que reduziu a jornada de trabalho e o salário de metalúrgicos. Sem alarde, a entidade fechou um contrato com a Fiamm Latin América, de São Bernardo, que prevê um corte de 15% do salário e também da jornada de trabalho.

Valter Sanches, secretário geral da CNM/CUT afirma que a entidade é totalmente contrária às reduções. Para Sanches, "os trabalhadores já não ganham bem e se tiverem redução de salário irão consumir menos ainda com medo de serem demitidos amanhã". O mesmo discurso foi adotado pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, que, há semanas, defende a proteção do emprego sem a redução de salários.

A supervisora do RH (Recursos Humanos) da Fiamm, Rosemeire da Silva, afirma que o acordo foi fechado com o sindicato no dia 8 de janeiro. "Aceitamos a redução do salário e não trabalhamos às segundas-feiras. O acordo foi feito para que não houvesse demissão", explica.

Acordo semelhante foi aprovado ontem por 800 funcionários da Valeo Sistemas Automotivos, da Capital, e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, filiado à Força Sindical.

Com a Valeo, segundo informou o sindicato, a partir de 1º de fevereiro a jornada também será reduzida em um dia por semana. O mesmo percentual de corte será aplicado nos salários. O acerto vale por 90 dias e garante estabilidade no emprego até 45 dias após o retorno ao trabalho.

"Esta é uma situação emergencial. Os trabalhadores estão dando a sua contribuição e esperamos que a empresa reconheça este gesto, pois os trabalhadores estão emprestando parte do salário para ajudá-la a sair da dificuldade", disse Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

Hoje os metalúrgicos da Capital realizam assembléias nas empresas MWM Motores - que tem cerca de 1. 600 trabalhadores - e Sabó Industrial - que tem cerca de 3.100 -, para para decidir sobre uma proposta semelhante aprovada pelos funcionários da Valeo.

Polêmica - Em janeiro, em reunião com as centrais sindicais, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse que a redução pode evitar demissões. "Não é necessário flexibilizar ou criar novas leis, mas sim utilizar recursos previstos na Constituição brasileira, como a redução da jornada de trabalho, banco de horas, férias coletivas, entre outros", apontou Skaf.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino da Silva, o Martinha, também afirma que é contra as reduções. "Mas é preciso ver caso por caco para que as empresas não usem a situação para tirar proveito", completa.




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