O deputado estadual Carlos Grana (PT) bem que tentou, mas não conseguiu disfarçar o tom eleitoreiro da prestação de contas do mandato realizada ontem, na Casa de Portugal, em Santo André. O pré-candidato ao Paço evitou ao máximo relacionar a atividade à pré-campanha, porém, sem sucesso. "A eleição entra no contexto da prestação de contas", admitiu.

A aparência de simples prestação de contas estava apenas na ausência de caciques da legenda, que não foram convidados justamente para não dar conotação eleitoral ao ato. "Mas, indiscutivelmente, a atividade de prestação de contas fortalece a liderança para o embate de 2012", reiterou Grana.

A atividade teve, inclusive, vídeo sobre os 16 anos de administrações do PT em Santo André. "É para mostrar a forma com que o partido faz política, faz sua gestão", minimizou o presidente municipal da legenda, Luiz Turco.

Mais do que comemorar a prestação de contas do mandato e a pré-candidatura, Grana festejou a união em torno de seu nome para o ano que vem, diferentemente de 2008, quando o partido foi rachado para o pleito e perdeu o comando do Paço para Aidan Ravin (PTB). "Fechamos o ano bem, porque todas as figuras da cidade estão aqui para comemorar o consenso", observou. "Agora Santo André precisa voltar a crescer."

Os petistas de mais expressão que passaram pelo evento foram o ex-prefeito João Avamileno, o vice-prefeito de Mauá, Paulo Eugenio, e os deputados federais Vanderlei Siraque e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, além de vereadores de vários municípios da região.

Eles foram mais enfáticos na conotação político-eleitoral do ato. "Essa prestaçãodemonstra o trabalho do deputado, que tem condições de disputar forte a eleição no ano que vem, de maneira unificada, para resgatarmos o comando da Prefeitura", discorreu Avamileno.

"Grana não veio fazer campanha, mas a militância pode levar o nome dele aos quatro cantos da cidade. Nosso maior presente será elegê-lo para mandato a partir de 2013 em Santo André", salientou Vicentinho.

Sobre o mandato, o deputado estadual pontuou a apresentação de 13 projetos de lei na Assembleia. Apenas um foi aprovado e sancionado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB): o que dissemina o programa bombeiro mirim em São Paulo, com aulas para crianças e jovens sobre primeiros socorros, situações de emergência e de segurança, além de meio ambiente, cidadania e noções de saúde e higiene, educação no trânsito, civismo e atividades recreativas.

Deputado joga responsabilidade na Comunicação

O nome de Carlos Grana ainda consta no site da Agência Nacional de Telecomunicações como diretor da Fundação, Sociedade, Cultura e Trabalho - ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC -, que ganhou a concessão da Rede TVT (TV dos Trabalhadores). Por lei, o ato é irregular. Ontem, o deputado jogou a responsabilidade no Ministério das Comunicações que, segundo ele, não atualizou a página na internet.

"Para mim é assunto resolvido, superado. Tomei todas as providências. Pedi oficialmente o afastamento ao ministério. Mas se o site mantém meu nome, não é problema meu. Não faço parte da diretoria, estou seguro disso. Inclusive protocolei o ofício em cartório para me resguardar juridicamente", alegou o petista.

Independentemente da instância responsável, o fato é que Grana ainda é, para a Anatel, diretor da TV. E isso pode gerar complicações políticas e eleitorais a ele. O Código Brsileiro de Telecomunicações (Lei Federal 4.117/62) proíbe parlamentares de exercer função de diretor ou gerente de empresa concessionária de rádio e TV. O fato foi revelado com exclusividade pelo Diário em maio.