A Prefeitura de Diadema não garantiu o pagamento do adiantamento do salário de janeiro para cerca de 7.000 servidores previsto para hoje - cerca de R$ 6 milhões. O secretário de Assuntos Jurídicos, Airton Germano, classificou ontem a situação econômica do município como "extremamente grave" em razão dos últimos sequestros de receita sofridos por decisões judiciais.

O prefeito Mário Reali (PT) viaja hoje a Brasília, onde tentará uma manobra jurídica junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender o sequestro de R$ 10,1 milhões, valor referente à desapropriação na Vila União realizada na década de 1980. Até o momento, R$ 8,67 milhões foram sequestrados.

Só anteontem foram R$ 4,271 milhões, o maior valor de precatórios (dívidas judiciais) desde que o petista assumiu o Paço no último dia 1º. A Prefeitura possui hoje dívida em torno de R$ 190 milhões, entre precatórios alimentares (trabalhistas) e ações de desapropriações e de créditos tributários.

"Tenho tributos importantes que serão pagos com atrasos e juros, uma vez que a Prefeitura não nos ressarcirá. Infelizmente, o Estatuto do Servidor Público não está sendo respeitado", disse um funcionário, que ainda aguarda pelo pagamento de um terço do salário referente a férias de 2.300 funcionários, a maioria da área da Educação. O atraso da administração, neste caso, está em torno de R$ 2 milhões.

A presidente do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema), Jandyra Uehara, disse que, caso o pagamento não seja efetuado hoje, uma assembleia será convocada com os servidores, às 18h, na sede da entidade.

O recurso (agravo regimental) com pedido de liminar, interposto pela Prefeitura para suspensão do sequestro e dos juros, não havia sido julgado no Tribunal de Justiça ontem.