O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), afirmou ontem que pagará na sexta-feira os salários atrasados de dezembro aos cerca de 6.000 servidores públicos, mas não garantiu o depósito do adiantamento salarial de janeiro, programado para o dia 15. Nessa data, a categoria deverá receber 40% dos rendimentos mensais.

"Vamos resolver o problema do pagamento que está atrasado. O restante vamos ver depois", afirmou o chefe do Executivo, um dia depois de os servidores ameaçarem entrar na Justiça para receber o direito. A afirmação foi feita durante visita ao Hospital Doutor Radamés Nardini.

No dia 30 de dezembro - penúltimo dia da gestão de Leonel Damo (PV) -, o funcionalismo recebeu apenas 40% do valor líquido do rendimento de dezembro e não os habituais 60%. Mensalmente, a Prefeitura gasta R$ 11 milhões com a folha de pagamento da categoria, que é dividida em duas partes. O adiantamento salarial corresponde a R$ 5,2 milhões.

Há uma semana, o então secretário de Finanças, José Francisco Jacinto, afirmou não ter dinheiro suficiente para efetuar o pagamento completo. Faltavam R$ 3 milhões nos caixas do município. Os recursos deveriam vir do repasse do governo estadual do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), que ocorre toda terça-feira, segundo a Prefeitura.

Oswaldo, no entanto, não mencionou se os atrasados que serão quitados pela Prefeitura incluem o valor de um terço do salário referente às férias de cerca de 700 professores da rede municipal de ensino. O recesso escolar teve início no dia 22, data em que o dinheiro deveria ter sido depositado nas contas da categoria.

O chefe do Executivo, que receberá salário de R$ 18 mil, enviou reforma administrativa à Câmara, que aprovou a criação de 485 cargos comissionados (que ocupam cargo de confiança e não precisam prestar concurso público). Somente com estes cargos, a Prefeitura irá gastar anualmente R$ 15,7 milhões.

Na manhã de ontem, a diretoria do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de Mauá procurou o secretário de Administração, Antônio Carlos de Lima, para discutir a forma e o prazo de pagamento dos salários. "Ele nos explicou que é uma prioridade da Prefeitura pagar o funcionalismo. A previsão é de que os rendimentos de dezembro sejam depositados nas contas dos trabalhadores até sexta", explicou o diretor do sindicato, Silvio de Oliveira.

O sindicalista considerou precipitado o posicionamento da Uniserv (União dos Servidores Públicos) de Mauá de procurar a Justiça, caso o prefeito não desse uma data para o pagamento dos servidores.

"Entendemos que esta atitude drástica pode dificultar ainda mais o pagamento. É um risco muito grande porque a Justiça é muito morosa e a Prefeitura pode decidir só pagar depois da decisão final. Aí este valor que falta vai virar precatório. O que nós queremos é receber."