O DEM de Santo André se reúne na próxima segunda-feira com o intuito de definir qual será a posição do partido com relação ao governo Aidan Ravin (PTB). Mas a julgar pelas declarações do presidente municipal da sigla, Raimundo Salles, os democratas não devem apoiar o petebista.

"O fato de ter votado no Aidan no segundo turno não me coloca cabresto para integrar o projeto dele. Votei por falta de alternativa", ressaltou Salles, candidato derrotado à Prefeitura em 2008 - ele ficou em terceiro lugar. "Até o momento não houve renovação, apenas troca de comando. Há uma grande diferença de semântica", acrescentou.

As principais reclamações de Salles dizem respeito a Aidan ter aproveitado um secretário do PT (Ademar de Oliveira, Inclusão Social) para montar seu primeiro escalão e ter escolhido para presidente da Câmara o ex-líder de governo petista (Sargento Juliano).

Com três vereadores, formando a segunda maior bancada do Legislativo, o DEM vem sendo considerado base aliada de Aidan. A legenda foi determinante na eleição da mesa diretora, ao ajudar a eleger o nome defendido pela administração. "O partido, enquanto composição orgânica, não tem qualquer compromisso com o atual governo", sentenciou o dirigente.

Salles garantiu ainda que não interferirá no modo de trabalho dos parlamentares democratas na Câmara. "Não haverá veto a quem, individualmente, desejar participar (da sustentação petebista). Até porque conhecemos a política e sabemos que, infelizmente, existe o aspecto fisiológico."

Na opinião do presidente do DEM, Aidan não respeita as instituições partidárias. "Ele tratou os vereadores neste processo da Câmara (eleição para a presidência) igual ou até pior do que o PT. Não dá o mínimo de atenção à estrutura partidária, faz negociação picada, vereador a vereador. É o jeito que escolheu para conduzir as negociações. Muitos deles terão saudades do PT."
Críticas - Apesar de fazer reclamações pontuais direcionadas a Aidan, Salles assegura que somente fará uma avaliação a respeito do desempenho do petebista à frente da administração após 100 dias de governo. "É preciso esperar. Ele montou um secretariado de amigos. Quem o apoiou de forma orgânica, como o PSDB, não foi chamado para governar. Ele quer fazer um projeto político à parte."

Ao ser oposição, Salles evita atrelar o futuro do DEM ao PTB. Assim, fica livre para disputar a Prefeitura em 2012 sem ter de apoiar provável reeleição de Aidan. "Quem imaginava que ficaria quieto, parado, estava enganado." O democrata não descarta disputar cadeira na Assembleia ou na Câmara Federal em 2010.