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Talibãs prometem derrotar os EUA como fizeram com soviéticos

A ameaça foi feita em resposta ao anúncio dos EUA de envio de mais 30 mil soldados americanos ao país

Da AFP
21/12/2008 | 10:22
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Os talibãs prometeram, neste domingo, aos americanos uma derrota tão mordaz no Afeganistão quanto a dos soviéticos nos anos 1980, um dia depois do anúncio do envio de mais 30.000 soldados americanos ao país.

"A cada dia, os americanos mudam seu discurso para dissimular sua derrota. Eles querem agora ter no Afeganistão o mesmo número de tropas que os soviéticos nos anos 1980", declarou neste domingo à AFP Yousuf Ahmadi, porta-voz dos rebeldes talibãs.

"Os soviéticos enviaram o mesmo número de tropas para ocupar o Afeganistão, mas eles sofreram uma dura derrota. E quando os americanos elevarem suas tropas a este nível sofrerão da mesma forma uma ardente derrota", acrescentou Ahmadi, falando por telefone de um esconderijo em Kandahar.

A União soviética invadiu o Afeganistão em dezembro de 1979 e deixou o país quase dez anos mais tarde sem ter conseguido vencer a resistência dura dos mudjahedines (combatentes) afegãos.

Na noite de sábado, o chefe do Estado-maior americano, o almirante Michael Mullen, anunciou o envio de entre 20.000e 30.000 soldados americanos de reforço ao Afeganistão "daqui até o próximo verão".

Esta medida praticamente duplicará o contingente americano atual no país, que está entre 30.000 e 35.000 homens.

Com os mais de 35.000 soldados de outros países que compõem a Força Internacional da Otan (Isaf), o número de soldados estrangeiros no Afeganistão chegaria a 100.000.

Eles se tornaram assim comparáveis ao número de soldados soviéticos enviados ao Afeganistão nos anos 1980: entre 100.000 e 160.000 segundo as épocas e as estimativas.

Esta ocupação em massa, no entanto, não bastou aos soviéticos para controlar o país, que eles finalmente deixaram após dez anos de ocupação, destacou neste domingo o porta-voz talibã.

Os americanos, mais numerosos, serão inclusive "alvos mais fáceis" para os combatentes talibãs, afirmou Ahmadi, dizendo que a decisão "estranha" de enviar reforço mostra as tergiversações dos EUA diante de um combate que lhe foge ao controle das mãos.

"A Otan e as forças da coalizão que vieram ocupar o Afeganistão enfrentam sérios problemas e derrotas pesadas, e inclusive em torno da capital Cabul, destacou Ahmadi, acrescentando que a situação, o clima e o relevo do Afeganistão estão entre os fatores que impediriam a vitória das tropas estrangeiras no país.

O anúncio americano foi feito um mês antes da posse em 20 de janeiro do presidente Barack Obama, que se comprometeu a retirar as tropas americanas do Iraque para transferir uma parte delas ao Afeganistão. Para Obama, o Afeganistão e o Paquistão vizinho formam "o frente de batalha central" da guerra americana contra o terrorismo.

A influência dos EUA no Afeganistão não se limita à sua presença militar, pois Washington garante um terço dos 15 bilhões de dólares de ajuda ao desenvolvimento oferecidos a este país desde à queda dos talibãs, cassados do poder no fim de 2001 por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.

O aumento regular do número de tropas estrangeiras no país não impediu a rebelião afegã, empreendida pelos talibãs e outros grupos armados, entre os quais alguns ligados à rede Al-Qaeda, de duplicar sua intensidade e ganhar terreno nos dois últimos anos.




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