Os vereadores Miranda da Fé (PPS) e Carlos Maciel (PSB) trocaram os papéis na última sexta-feira, durante votação da peça orçamentária. Após anunciar sustentação ao prefeito eleito, Luiz Marinho (PT), o popular socialista votou favoravelmente à emenda de 5% de remanejamento, enquanto o socialista e ex-secretário de Governo do prefeito William Dib (PSB) "seguiu a coerência" e aliou-se à oposição optando pelos 30%.

Criticado pela população presente à sessão - que disparou contra Miranda acusando-o de "traidor" e "Marinho vai com as outras" - o vereador argumentou ter votado com convicção e fez questão de ocupar a tribuna para se defender. "Analisei bem e vi que 5% equivalem a mais de R$ 100 milhões (a peça está avaliada em R$ 2,3 bilhões). Percebi que os 30% não são necessários. O prefeito terá autonomia para trabalhar."

O discurso foi recriminado pelos oposicionistas e José Ferreira (PT) ironizou ao comentar o posicionamento do parlamentar. "Ele é camaleão, mas é novo na política, ainda pode mudar". Oswaldo Camargo (PTB) não teve o mesmo humor. "Cadê o companheirismo? Tem de ter responsabilidade. Mesmo quando fui sustentação, nunca falei amém ao prefeito", rebateu.

A postura da base governista diante da decisão de Maciel nem de longe lembrou clima de rivalidade ou desconfiança.

Mesmo votando a favor de Marinho, o socialista defendeu os colegas de bancada que sempre aprovaram 30% de suplementação a Dib. "Só houve uma inversão natural dos papéis, mas eu optei em manter a coerência e o posicionamento que tive nos últimos 12 anos."