A troca de acusações entre os prefeituráveis de São Bernardo Luiz Marinho (PT) e Orlando Morando (PSDB) foi intensificada na reta final da campanha. A cinco dias da eleição, o petista visitou o reduto tucano para "advertir" os eleitores sobre as "mentiras disparadas pelo adversário". Ontem, na Vila Vivaldi, o oposicionista esqueceu o discurso propositivo e partiu para o ataque. "Podemos inclui-lo (Morando) no livro do recorde como o cidadão que mentiu mais no menor espaço de tempo."

O comportamento irônico de Marinho, um dia após visita do concorrente no bairro, deixou vago o espaço para a apresentação de propostas. "Está ficando feio, quando uma mentira não pega, ele inventa outra. Agora está inventando que eu vetei o reajuste dos aposentados. Fui ministro (da Previdência Social) durante um ano e dois meses, neste período não houve projeto neste sentido, como posso ter sugerido veto?"

Sem disfarçar que o objetivo da campanha na área era reverter o quadro a seu favor - segundo ele, o governista obteve maior votação na região -, o candidato abusou do poder de retórica. "Quem mente não merece seu voto", repetia ao eleitorado indeciso. Àqueles que reclamavam sobre Saúde, principal crítica da cidade, ele emendava: "E o Orlando diz que está boa".

Embora tenha tentado manter a postura em algumas ocasiões, alegando que "não comentaria as mentiras do governista, mas discutiria conteúdos", não resistiu à tentação de criticá-lo quando foi indagado sobre a proposta do adversário para o Transporte. "Reduzir o preço da passagem é outra mentira (Morando pretende diminuir a passagem de R$ 2,30 para R$ 2). Se tivesse de ter diminuído, já teria feito ou nem teria aumentado."

Denominando o tucano como "irresponsável", Marinho insistiu em defender a tese do distanciamento entre ele e o padrinho político, o prefeito William Dib (PSB). "Orlando é parte do governo, deveria ter coragem de brigar por propostas de continuidade e levar o Dib para ajudá-lo a fazer campanha na rua. Espero que o domingo chegue rápido e as inconseqüências não sejam levadas ao extremo."

Apesar de garantir que terá o apoio dos eleitores idosos - os quais o rival afirmou anteontem ter aversão pelo PT, considerando que os moradores mais antigos criticam a gestão da sigla, entre 1989 e 1992 -, Marinho não perdeu a oportunidade de fidelizar os votos da categoria. "A receptividade dos idosos é ótima. A população sabe diferenciar proposta de desespero eleitoral", concluiu o pleiteante ao Paço, após tentar convencer uma eleitora de Alex Manente (PPS), que alegou anular o voto como forma de protesto, "a optar pela mudança votando 13 (número do partido)."