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Bille August defende o seu 'Mandela'
10/10/2008 | 07:21
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Festival de Berlim, fevereiro de 2007. Bille August desembarca em Potsdamer Platz com Joseph Fiennes para mostrar Goodbye Bafana, que estréia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros com o título de Mandela - Luta pela Liberdade. O diretor e o ator defendem o filme como importante. É o comentário deles sobre graves questões do mundo contemporâneo. Por meio da relação entre Nelson Mandela e James Gregory, que por mais de 20 anos foi seu guardião em prisões da África do Sul, Bille August - o premiado diretor de Pelle, o Conquistador - quer falar sobre questões como o terrorismo e a capacidade humana de se autotransformar.

"Quando James conhece Mandela, nos anos 1960, ele lhe parece o pior terrorista do mundo, mais ou menos como vemos hoje Bin Laden. Mas com o tempo, conhecendo suas idéias, ele não apenas adquire respeito pelo líder da resistência ao apartheid como percebe a injustiça do sistema e passa por uma transformação interior", explicou.

A história de Mandela lhe pareceu uma daquelas que vale a pena contar. "O mais extraordinário em Goodbye, Bafana é que James (Gregory) realmente muda por causa da relação com Mandela. Ele se torna a prova viva das idéias de Mandela sobre a bondade essencial do ser humano e a sua possibilidade de evoluir."

Para August, a história de seu novo filme é importante para todos, não apenas para sul-africanos. "É sobre a necessidade e a possibilidade de reconciliação universal. Não sou só eu que penso isso. Basta olhar ao redor para ver que nunca tivemos tanto conflitos quanto agora. Se não houver reconciliação, qual será nosso futuro?"

O filme causou certa perplexidade na Berlinale, não por ser ruim, ou muito ruim, mas porque suas boas intenções se traduzem numa linguagem tradicional, mais acadêmica (e hagiográfica) do que clássica.

Mas sua proposta é boa - "Vemos Mandela pelos olhos do seu oponente, utilizando o ponto de vista de James, que tem vida própria. Mulher, família, crenças, tudo isso será desestabilizado pelo reconhecimento do outro.

O que conduziu August a Mandela foi a trama de amizade. "Bafana quer dizer ‘o melhor amigo criança' em xhosa, a língua dos nativos da África do Sul. James Gregory cresceu numa fazenda. Foi um garoto solitário cujo melhor amigo era um menino negro. O apartheid os separou. Mandela termina sendo o substituto para aquela relação e agora ele, adulto, pode mudar."

E o elenco? "Joe (Joseph Fiennes) possui uma fragilidade e integridade que me interessavam mostrar em James. Dennis (Hysbert, de Longe do Paraíso) tem carisma e expressa muito bem a passagem do tempo que a vida confinada em prisões impôs a Mandela."




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