Política Titulo Fraude
Gaeco vai ouvir servidores
sobre G8 em São Bernardo

A princípio, os promotores farão oitivas com servidores que
não estão diretamente ligados ao departamento de licitações

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
02/03/2013 | 08:51
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O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Núcleo ABC vai convocar para a próxima semana funcionários da Prefeitura de São Bernardo para apurar a atuação das empresas G8 Comércio de Equipamentos, Serviços e Representações e Capricórnio S/A na administração do prefeito Luiz Marinho (PT).

A princípio, os promotores farão oitivas com servidores que não estão diretamente ligados ao departamento de licitações do Paço. O pregoeiro e o presidente do setor de processos licitatórios que trabalharam na concorrência em que a G8 e a Capricórnio saíram vencedoras serão ouvidos numa segunda etapa.

Investigação preliminar aberta em setembro apontou elementos suficientes para instauração de procedimento investigatório, concretizado em 18 de dezembro. Em fase inicial, a análise envolve representantes da G8 e da Capricórnio, como Marcos Divino Ramos, Paulina Aparecida Duarte, Júlio Manfredini e Daniel Manfredini, indiciados pelo Gaeco do Paraná por formação de cartel que fraudava e superfaturava licitações.

A apuração ainda não envolveu Marinho. Se houver indícios de participação do prefeito numa eventual comprovação de esquema ilegal na Prefeitura, o caso será dirigido ao Secrim (Setor Especial de Crimes de Prefeitos), porque o petista tem foro privilegiado.

Promotores ouviram empresários que concorreram contra a G8 e Capricórnio no certame para fornecimento de tênis, mochilas e uniforme, em 2009. As duas empresas dividiram os três lotes abertos em São Bernardo.

"Começamos a apuração justamente pelas notícias que vieram de Londrina, principalmente pelas atas de registros de preço da Prefeitura de São Bernardo que foram usadas lá", discorreu a promotora Mylene Comploier, que preside a investigação ao lado do promotor Lafaiete Ramos Pires.

Atas 003/2009, 004/2009 e 001/2010 do Paço de São Bernardo foram utilizadas por Marcos Divino e Júlio Manfredini para que o ex-prefeito de Londrina Homero Barbosa Neto (PDT) dispensasse licitação para compra de uniforme escolar. O governo da cidade paranaense adotou prática de ‘carona', condenada por instituições de fiscalização.

Durante as investigações no Paraná, Homero confessou ter recebido propina para ignorar a concorrência e contratar a G8 e a Capricórnio - juntas embolsaram R$ 6,4 milhões. Auditoria do MP apontou desfalque de R$ 3,1 milhões pelo superfaturamento do valor dos produtos oferecidos.

Outro modus operandi dos empresários era burlar pregões. Eles armavam esquema com concorrentes, combinando previamente preço e vencedor da licitação. Em São Bernardo, por exemplo, três empresas indiciadas no Paraná se inscreveram no processo de compra de uniforme escolar.

 

 




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