O prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), já conta com a parceria do PPS para obter governabilidade na Câmara e para obtenção de demandas junto ao governo do Estado. O peemedebista recebeu, ontem, em seu gabinete, o deputado estadual Alex Manente (PPS) e seu principal concorrente durante a eleição municipal, Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS). O parlamentar destinou emenda de R$ 400 mil para o município, que será convertida em melhorias na infraestrutura.

Mesmo evitando cravar a inclusão da bancada do PPS - formada pelos vereadores José Nelson da Paixão e Flávio Gomes - à base governista de Saulo no Parlamento, Dedé garantiu que a aliança entre o partido e o Paço é um caminho natural.

"Enquanto o Saulo governar de forma séria, os vereadores do partido não vão nem olhar para atrás, na disputa entre Dedé e Saulo, e sim olhar ao futuro da cidade", salientou o ex-vice-prefeito.

O trabalho em conjunto entre a bancada do PPS e o gestor municipal ganhará mais um capítulo para definir como será investida a emenda de R$ 400 mil, ainda com destino incerto. Caberá aos vereadores do PPS ajudarem Saulo, indicando quais regiões de Ribeirão Pires necessitam mais da quantia.

O prefeito afirmou que já enxerga o PPS como integrante da base de sustentação no Legislativo e louvou a atitude do ex-adversário. "Considero os dois vereadores como base nossa, até porque vamos mandar para a Câmara projetos de interesse para cidade. A ideia é trabalhar em conjunto com PPS. E hoje (ontem), novamente, demonstrou que estará junto com a gente", disse.

O ato foi mais uma demonstração de que a paz está selada entre Dedé e Saulo, que protagonizaram uma intensa disputa eleitoral, que ganhou episódios na Justiça. O popular-socialista teve candidatura impugnada após ação movida pela coligação de Saulo, devido ao abuso de poder econômico por usar o jornal da família na eleição para vereador em 2004. No fim, ex-vice-prefeito não teve votos computados por ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Em resposta, a coligação de Dedé entrou na Justiça contra Saulo em 31 de agosto, por usar um jornal local a seu favor. Em dezembro, porém, ele decidiu retirar a ação movida contra o peemedebista. Desde então, ambos iniciaram aproximação.

Volpi no MP

Mais cauteloso no embate contra o ex-prefeito Clóvis Volpi (PV), Saulo avalia com naturalidade a pretensão do desafeto disputar eleição em 2016, mas faz uma ressalva: "Se ele não for enquadrado na (Lei) Ficha Limpa, a gente estará esperando (a disputa nas urnas)", disse o prefeito.

Saulo afirmou que denunciará Volpi ao Ministério Público e ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), pois, segundo ele, o verde infringiu a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) ao deixar passivo de R$ 41 milhões.

Popular-socialista não conversa com Volpi

A união entre Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), com o ex-prefeito de Ribeirão Pires Clóvis Volpi (PV), definitivamente chegou fim. O popular-socialista admitiu que não tem contato com o verde desde a eleição de outubro, ratificando assim distanciamento, após relação marcada por atritos e desconfiança.

"Depois que passou a eleição, não falei com ele nenhuma vez. Afastamos um do outro. Normal, são ciclos que se fecham e novos ciclos que se abrem", resumiu o ex-vice-prefeito.

Dedé evitou criticar as recentes declarações de Volpi contra o atual chefe do Executivo, Saulo Benevides (PMDB). O verde desafiou a fazer 30% do que ele fez em oito anos de gestão (2005-2012) e ainda se classificou como "seu algoz".

"Não quero falar de eleições no futuro e sim do presente. Pretendo contribuir para o desenvolvimento da cidade e não brincar, que, na minha visão, é dar declarações que tragam instabilidade com município. Isso vocês não me verão fazer. Se ele (Volpi) deu essas declarações, não está contribuindo para o crescimento da cidade", analisou.

O rompimento entre Dedé e Volpi se consolidou depois da eleição municipal, quando o popular-socialista retirou a ação judicial contra Saulo. O então prefeito classificou o seu vice como traidor e disse que ele era uma decepção para Ribeirão Pires.

Em seguida, Dedé rebateu Volpi, atribuindo a ele o rótulo de "decepção política" por não pagar os fornecedores do Paço.