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Petrobras teme que gasolina perca mercado
15/03/2008 | 07:32
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Em defesa da política de preços da Petrobras, o diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, disse sexta-feira que não há como aumentar o preço da gasolina, sob risco de perder ainda mais mercado para o álcool. A frase embute um problema que paira sobre a área de refino da empresa: o excedente de gasolina no País, que vem forçando a exportação de volumes cada vez maiores do produto.

O problema é que a gasolina é exportada a preços menores que os cobrados no Brasil. Costa acredita que, ainda neste ano, o álcool ultrapasse a gasolina em volume de vendas no mercado interno.

Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), as exportações brasileiras de gasolina aumentaram 37% em 2007, movimento que reflete o consumo de álcool pela crescente frota de carros bicombustíveis no País. Em janeiro, o mercado brasileiro consumiu 1,45 bilhão de litros de álcool (incluindo o anidro, que é misturado à gasolina) e 1,6 bilhão de litros de gasolina pura. “Não adianta provocar aumento abrupto no preço da gasolina se isso causar mais perda de mercado do que já está ocorrendo”, afirmou o diretor.

De acordo com pesquisa semanal da ANP, o litro do álcool custa R$ 1,479, o equivalente a 59% do preço da gasolina (R$ 2,501 por litro, a média nacional). Especialistas dizem que o álcool continua a levar vantagem até o limite de 70% em relação à gasolina.

Costa disse que a opção pela exportação do excedente de gasolina não é tão rentável: além do frete, o produto tem deságio em relação às cotações internacionais, porque a qualidade da gasolina brasileira é inferior às especificações de mercados como EUA e Europa. O preço médio das exportações em janeiro foi de US$ 0,65 por litro, 8% menor que a cotação média da gasolina negociada em Nova York.

“Vender no mercado interno é sempre mais rentável”, diz um especialista em comércio de petróleo, que calcula o frete em US$ 0,04 por litro. Ele afirma, porém, que a empresa vem sendo sacrificada pelo governo, que ainda não usou a Cide (Contribuição por Intervenção no Domínio Econômico), o imposto sobre os combustíveis, como colchão para amortecer a disparada das cotações internacionais. Segundo a lei, o imposto pode ser reduzido para absorver eventuais altas no preço dos combustíveis.

Para o especialista, o acionista minoritário da estatal tem os ganhos reduzidos pela menor rentabilidade na venda de combustíveis, em favor da arrecadação da Cide, de R$ 0,028 por litro. “O governo tem apenas 30% da Petrobras, mas tem 100% da Cide.” Costa disse que a companhia promoverá ajustes “para cima ou para baixo”, quando julgar necessário.




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