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EUA: preços agrícolas em ascensão até 2009
Da AFP
01/03/2008 | 10:18
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Os preços das principais matérias-primas agrícolas, que já pulverizaram todos os recordes nos últimos meses, vão continuar sua ascensão pelo menos até 2009, com evidentes repercussões na cesta básica das famílias de todo o mundo.

O bushel de trigo a US$ 13 (1 Bushel é igual 27,2155 o quilo), os grãos de soja a US$ 14, o milho a US$ 5: "é uma loucura!", exclama Bill Nelson, analista do escritório A.G Edwards.

No entanto, muitos especialistas que seguem as operações na bolsa de Chicago - símbolo mundial da negociação de matérias-primas agrícolas - prevêem a continuidade desta evolução, assinalando, inclusive, que possa acelerar-se.

Trigo, soja e milho são utilizados na fabricação de alimentos básicos, como o pão, as massas e bolos ou a cerveja, mas também para alimentar aves e porcos. A disparada deve significar a continuidade da remarcação dos preços, denunciada em numerosos países.

Segundo as estimativas, o bushel de trigo, que já subiu cerca de 190% em relação a fevereiro de 2007, deverá valer entre US$ 15 e US$ 18 até o verão boreal. O mesmo acontece em relação à soja, que os analistas vêm subir até US$ 20, um incremento de 159% em relação a 2007.

Os preços do milho, que quase duplicaram em relação há um ano, devem situar-se entre US$ 5 e US$ 6 dólares.

"Os preços dos produtos agrícolas têm, no entanto, um potencial de crescimento de pelo menos 10% nos três próximos meses, porque há muitos compradores inquietos com o risco de escasez por causa da redução dos estoques mundiais", afirma Dax Wedemyer do gabinete US Commodities.

Em meados de fevereiro, o departamento de Agricultura havia anunciado que as exportações americanas alcançariam um recorde de US$ 101 bilhões na atual colheita.

"Os produtos agrícolas se converteram em um ativo em si mesmos, sobre os quais se pode investir", destacaram analistas do Merrill Lynch, que não prevêem uma distensão de preços a curto prazo.

O crescimento da demanda por biocombustíveis (que absorvem parte da produção de cereais e da soja), o aumento do consumo nos países emergentes como China e Índia (onde os hábitos alimentares mudaram por causa do aumento do poder de compra por parte da população) e a redução das reservas impulsionam os preços, concordam os analistas.

Cerca de 30% da produção americana de milho, que representa cerca da metade do mercado mundial, vão agora para a fabricação do etanol, afirma a Merrill Lynch.

Este percentual poderá aumentar nos próximos anos devido à nova lei de Energia aprovada por Washington, que estimula o incremento da produção do biocombustível.

Os estoques de trigo americanos caíram ao nível mais baixo em 60 anos, encurralados pela urbanização e a erosão dos solos, que reduziram as superfícies cultiváveis.

"Enquanto não se reduzirem as exportações americanas e os investidores não se assegurarem de que os agricultores plantarão em quantidade suficiente trigo, milho e soja na primavera para a colheita 2009, os preços dos produtos alimentares se manterão elevados", estima Nelson.

Mas "com um dólar fraco", que caiu para 1,5225 por euro, "não devemos esperar uma redução ou até uma pausa dos preços antes de 2009", adverte por sua vez Joseph Victor (Allendale).




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