Jack Nicholson ligou seu nome a obras fundamentais do cinema norte-americano nos anos 1960 e 1970. Nicholson segue na ativa, mas cansou. Passou-se o tempo da vanguarda. Hoje em dia ele navega por águas mais mansas. Sua nova parceria com o diretor Rob Reiner é a prova disso.

Há 16 anos, eles fizeram Questão de Honra, um thriller militar no qual o desafio do oficial Tom Cruise era desmontar, no tribunal, a arrogância do militarista Nicholson. Quando fez aquele filme, Rob Reiner, filho do também diretor Carl Reiner, já ostentava no currículo um cult romântico – Harry e Sally – Feitos Um para o Outro, que entrou para a história como aquele filme em que Meg Ryan simulava uma cena de orgasmo num restaurante (e todas as mulheres pediam o mesmo prato que ela).

Rob Reiner e Jack Nicholson reinventam agora a comédia romântica em Antes de Partir. Para início de conversa, o casal do filme é um par, formado por Nicholson e Morgan Freeman. E eles não são gays, mas dois homens de meia-idade forçados a dividir o mesmo quarto de hospital.

Na trama, Nicholson adquiriu uma fortuna com seu hospital em que não existem privilégios e todos os pacientes compartilham espaços. Ele termina vítima da própria regra e, paciente terminal, divide o quarto com Freeman, também diagnosticado com câncer (e com poucos meses de vida).

O que poderia ser uma choradeira deprê toma outro rumo quando Nicholson propõe a Freeman que saiam pelo mundo realizando seus sonhos. Um isolou-se da família por sua busca de sucesso. O outro tudo sacrificou pela família, renunciando a seus sonhos.

Agora, soltam-se. Nicholson faz a parte do doidão. Freeman segura o freio. Formam uma grande dupla e, mesmo terminais, ensinam que sempre é tempo de aprender (e recomeçar).