O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu ontem com os representantes das centrais sindicais para explicar as propostas da reforma tributária. No entanto, nem tudo foi de agrado dos dirigentes dos sindicatos. A proposta de diminuir a contribuição para a Previdência Social não foi aceita pelas entidades e ainda gerou um mal-estar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Na apresentação do projeto de reforma tributária, Mantega apresentou a idéia do governo de desonerar a folha de pagamento cortando 1% ao ano a contribuição patronal para a Previdência Social em seis anos (de 2010 a 2016).

Com isso, a Previdência deixaria de arrecadar entre R$ 24 bilhões a R$ 30 bilhões, segundo os sindicalistas. “O que questionamos é como isso seria compensado e o governo alegou que o crescimento econômico e a formalização cobririam o rombo. Não concordamos. Isso não é garantia”, afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.

Mantega também explicou que, caso houvesse o rombo, o Tesouro Nacional cobriria, mas os dirigentes também descordaram da proposta. “A gente sabe das dificuldades do Tesouro. Não é tão fácil assim”, disse Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

O presidente, que chegou no final da reunião, foi questionado pela proposta e concordou com os sindicalistas em retirar a idéia do projeto para a reforma tributária.

“Essa questão precisa ser mais debatida. O governo que diminuir a carga, mas não pode jogar para os trabalhadores e os aposentados”, comentou Paulinho.

Para o vice-presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Enilson Simões, é preciso ter cautela. “Parece que agora sai a reforma, mas precisamos preservar os fundos sociais, como a Previdência. Que não prejudique o trabalhador”, disse.

Para Henrique, ainda há lacunas no projeto que as centrais reivindicaram, como novas alíquotas para o Imposto de Renda e tributação sobre as grandes fortunas e heranças. “Também somos a favor do fim da guerra fiscal e da simplificação dos tributos”, contou.