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Malu Mader fala de fidelidade e cinema
31/01/2008 | 07:06
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Malu Mader gosta de se definir como fiel “até na ficção.” Mas os filmes dela na Total Entertainment tratam de adultério com alegria e, mesmo, compreensão. No terraço de seu apartamento, em Ipanema, no Rio, Malu encara a contradição como um desafio.

“Sou contra o adultério, mas não sou moralista. Não o condeno, principalmente. Tanta gente pratica o adultério, sobretudo os homens, que ele mereceria ser enfocado sob outra ótica. Existem teorias que explicam o adultério do homem por uma característica atávica, que é a sua necessidade de espalhar o sêmen. Acho que a questão, então, seria repensar o modelo de casamento monogâmico. Quando tantas pessoas pulam a cerca, algo não está funcionando.”

É um pouco sobre isso o filme com Malu que estréia amanhã em salas de todo o Brasil. Sexo com Amor? Segue-se a Sexo, Amor e Traição, que ela fez, antes, na Total. Ambos têm sexo e amor no título. Têm também direção de conhecidos realizadores de TV – Jorge Fernando no filme anterior, Wolf Maya no de agora.

Sexo com Amor? é uma histórias cruzada de casais (três) envolvidos numa ciranda de adultério. O marido de Malu, interpretado por Reynaldo Gianecchini, não pode ver rabo de saia, mas surta ao pensar que ela também o esteja traindo – com o melhor amigo, que ele vai descobrir depois ser o gay com quem fez sexo numa festa em que bebeu demais (“Foi a única vez na vida!” Brada o marido; “Sou hetero!”). Malu achou que o roteiro poderia resultar num filme divertido, descompromissado. Uma coisa pesou para a sua aceitação, e foi a direção de Wolf Maya.

Ela conta que viu pela primeira vez o filme na pré-estréia realizada em São Paulo. “Nunca sei avaliar direito essas sessões com convidados, mas o público riu bastante”, diz. Seu medo era que o filme fosse machista.

“Seria muito fácil cair neste tipo de coisa e eu ainda não conversei com o Wolf, mas acho que o filme tem um lado feminista. Só as mulheres com casamentos convencionais, ‘do lar’, sofrem passivamente as conseqüências do adultério. As profissionais são mais ousadas, como a personagem de Marília Gabriela.”

E a personagem dela? “Eu amo meu marido no filme e aceito as explicações dele. Que está regenerado e nunca mais vai trair, mesmo que o final, evidentemente, deixe dúvidas quanto a isso.” Malu gostaria que o público fosse ver o filme e que, espontaneamente, fosse bem de bilheteria.

Ela não se envolve na estratégia de lançamento. Faz o que pode para alavancar a produção no gosto popular, mas a obrigatoriedade do sucesso lhe parece uma pressão artística insuportável. Sua novela mais recente na Globo foi um fracasso de público. Como é sua relação com a emissora? “É ótima. Tenho um acordo com eles, meu salário diminui quando não estou no ar. Acho justo e isso, de alguma forma, deveria me estimular a trabalhar mais, para ganhar mais, mas não me interessa.” Nem se fosse um texto de Gilberto Braga? Gilberto continua a ser o autor preferido de Malu, aquele a quem ela é 100% fiel.

“Meu melhor papel continua sendo o de Lurdinha em Anos Dourados, e só isso já revela um romantismo um pouco anacrônico de minha parte”, ela diz. Mas não há nada de anacrônico em Malu. Casada com o titã Tony Bellotto, ela vem de férias de final de ano com a família em Paris. Tony já retomou a rotina de shows, os filhos em breve estarão voltando à escola.

E ela? “Tenho a casa para administrar.” Tony possui, no andar de baixo, o estúdio em que compõe e escreve seus romances como Bellini e a Esfinge, cuja versão cinematográfica Malu interpretou (muito bem, por sinal), no papel de uma garota de programas. Não faltaria para ela um espaço só seu, mas Malu admite que não tem disciplina para escrever.

Está lendo um livro de Virginia Woolf que discute justamente a produtividade das

autoras, das mulheres. “Ela diz que a mulher que não se dedica só à carreira evidentemente produz menos. Concordo em parte. Se a necessidade do homem é espalhar seu sêmen, a nossa é de servir de retaguarda, organizando a casa e a vida social.”

CO-DIREÇÃO
Com todos seus encargos, Malu encontrou tempo para realizar o que, por estes dias, a apaixona – sua estréia na direção, em parceria com Mini Kert, da Videofilmes. Ela adorou a experiência de co-realizar o documentário Contratempo. É sobre o projeto Villa-Lobinhos, que estimula a vocação musical de crianças de comunidades carentes. Contratempo virou a menina dos olhos de Malu Mader e deve ficar pronto lá pelo meio do ano.



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