Candidato petista a prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho moderou o discurso de vitória no primeiro turno. Um dia após assegurar que trabalhava para "liquidar" o concorrente Orlando Morando (PSDB), o prefeiturável afirmou estar preparado para eventual segunda rodada. "Recomendei à militância: nada de salto alto. Vamos intensificar o trabalho até o último minuto."

Na tentativa de angariar votos dos indecisos, que representam 12%, segundo pesquisa Diário/Ibope publicada anteontem, Marinho (que lidera, com 38%) ganhou ontem o reforço dos senadores petistas Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy. Eles fizeram caminhada no Ferrazópolis - onde, segundo Mercadante, obteve a maioria dos votos conquistados na cidade na eleição ao governo do Estado, em 2006 - e Jardim Hollywood, respectivamente.

Com mais cabos eleitorais na rua e afirmando que a estrutura deve aumentar até a eleição, o pleiteante disse que a movimentação da cúpula está dentro do planejamento. "Estamos concluindo a estratégia e nos preparando para o dia 5 de outubro. Mas não ficaremos frustrados se a vitória não ocorrer, estaremos preparados porque nossa candidatura é a única que representa mudança."

Analisando o resultado da sondagem que aponta Marinho na liderança absoluta, Mercadante ironizou a estabilidade dos rivais - Morando (que manteve percentual de 27%) e Alex Manente, do PPS, (que oscilou de 15% para 13%). "A gente vê na rua o sentimento de mudança. Os adversários estão crescendo na pesquisa igual rabo de cavalo, para baixo. Já o Marinho, cresce igual foguete, para cima."

Diferentemente do colega de bancada, cujo discurso ostensivo classificou a vitória na cidade como "mais saborosa", Suplicy demonstrou estar afinado no mesmo tom de Marinho ao concluir que a "receptividade" do candidato está atrelada à boa aceitação do governo Lula.

Pontuando a necessidade de implantar projetos federais, o senador foi cuidadoso ao comentar o cenário no município. "Temos vontade de vencer no primeiro turno, mas sabemos que é importante ter disposição de trabalhar nas próximas três semanas (depois do dia 5), se houver segundo turno. Estamos prontos para a batalha."

CAMPANHA ÉTICA
Já o grupo governista pretende travar na reta final do primeiro turno uma guerra ética e de conhecimento da cidade com Marinho. Ontem, a tática foi colocada em prática em comício no Lago Azul, no Riacho Grande. Morando pautou seu discurso em críticas ao rival petista e sua postura durante o processo eleitoral.

"Não tenho o hábito de enganar ninguém. Tem candidato que acha que quatro anos é uma eternidade. Eu, que disputo a minha quinta eleição, sei que quatro anos passa muito rápido. Quem engana o povo, se engana depois de quatro anos, pois as pessoas não são bobas e guardam aquilo que é dito por um político em época de eleição", afirmou.

O tucano também atacou a proposta do adversário de repovoar a Represa Billings de peixes e, assim, transformar o Subdistrito do Riacho Grande em pólo turístico. "Não adianta ser demagogo igual ao adversário que veio com o ministro da Pesca (Altemir Gregolin) e falou que vai encher de peixe a represa. Ele vai é preso, pois não se pode colocar peixe em uma água poluída. Ou ele quer matar o nosso povo? Ele tem de saber que aqui tem lei, tem Ministério Público do Meio Ambiente. Se ele acha que isso aqui é terra de ninguém, não é não. Primeiro tem de fazer a lição de casa e despoluir a represa", declarou.

Morando voltou a insistir que Marinho esteve ausente do município. Enquanto ele foi vereador e deputado estadual, o rival ocupou os cargos de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e ministro do Trabalho e da Previdência. Assim, o candidato busca frear a ascensão do rival que nacionalizou a candidatura com lideranças e ministros petistas.
"Alguém que quer ser prefeito de São Bernardo precisa ter feito coisas pela cidade e nesse quesito dou um banho no meu adversário. Ganho de lavada."

Na expectativa de reverter a vantagem petista ainda no primeiro turno, o governista pretende conduzir com esse tom a campanha nos próximos dias. "Se compararem o que nós fizemos com o que eles fizeram, vamos dar uma lavada nas urnas", apostou.