As vendas do segmento supermercadista cresceram 8,66% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2007. Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), o resultado foi o melhor dos últimos cinco anos.

Em relação a junho de 2007, o mês passado apresentou expansão de 7,58% e frente a maio, queda de 6,29%. Esses índices já foram deflacionados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para o presidente da entidade, Sussumo Honda, o desempenho setorial nos seis primeiros meses sinaliza que os negócios em 2008 devem superar o crescimento do ano anterior, que foi de 5,9%.

"Durante o primeiro semestre, as vendas dos supermercados apresentaram uma forte elevação. O bom desempenho foi a conseqüência de um cenário econômico favorável. Quando os supermercados vendem mais é sinal de que aconteceu um aumento de renda da população", afirmou Honda.

O presidente da Abras destaca que essa conjuntura positiva sofreu abalo com a crise hipotecária norte-americana, que respingou no resto do mundo. E esse quadro foi agravado pela alta global do preço das commodities.

"Devido às incertezas, não é possível afirmar que as vendas vão se manter nesse patamar elevado durante o segundo semestre. O ideal, para garantir um processo de desenvolvimento sustentável, é que o governo não descuide do combate à inflação", afirma Honda.

CUSTO DOS ALIMENTOS - O indicador AbrasMercado, cesta de 35 produtos de amplo consumo analisada pela GfK Indicator, apresentou em junho aumento de 2,04% em comparação com maio.

Em relação a junho do ano passado, o AbrasMercado registrou aumento de 14,83% no mesmo período.

Os produtos que sofreram altas mais expressivas foram feijão, com 13,95%; arroz, com 8,01%; e batata, com 7,61%. Entre a maiores quedas de itens alimentícios estão tomate, com 7,01%; e leite em pó integral, com 3,69%.

Inflação reduz lucratividade na região

O desempenho das redes varejistas instaladas no Grande ABC, terceiro maior mercado consumidor do País, indica aceleração. O resultado do primeiro semestre registra aumento de até 8% no faturamento e recuo na lucratividade de aproximadamente 2%.

Segundo o comprador Marcelo Uehara, do supermercado Baroneza, com unidade em Mauá, a receita nos primeiros seis meses foi 8% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

Porém, por conta da inflação, que leva o consumidor a migrar para produtos mais baratos, a lucratividade recuou 2%. "No segundo semestre, acredito que o aumento das commodities vai continuar influenciando as vendas."

O gerente de custos do Joanin, Manuel Vitor Esplugues, avalia que, no acumulado dos primeiros seis meses do ano, as vendas superaram o desempenho do ano anterior. "Se o governo conseguir dosar a inflação, o segundo semestre pode registrar bons resultados", ressalta Esplugues.

A Coop (Cooperativa de Consumo) é outra rede que apurou no primeiro semestre aumento, de 5,52%, nas vendas frente a igual período de 2007. Em junho, a rede registrou expansão de 1,15% em relação a junho do ano passado. "Assim que as commodities sobem, as pessoas mudam seus hábitos alimentares, e isso reflete simultaneamente nas vendas", diz Antônio José Monte, presidente da Coop.