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Dinheiro faz Gazuza esperar dias melhores
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/12/2011 | 07:36
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Duas linhas de ônibus, três Unidades Básicas de Saúde em bairros vizinhos e uma Escola Municipal de Ensino Básico. Esses são os únicos serviços públicos oferecidos às 4.281 famílias do Complexo do Gazuza, em Diadema. Ontem, com o anúncio do investimento de R$ 21,63 milhões em infraestrutura pela Prefeitura, em parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal (leia abaixo), a esperança é de que as sonhadas melhorias aconteçam.

Os primeiros barracos começaram a ser construídos no local há 22 anos, por migrantes nordestinos que vinham tentar a sorte nas fábricas do Grande ABC e acabavam sem lugar para morar. Vitórias foram alcançadas, como o asfalto, a enérgia elétrica, água encanada e as linhas de ônibus. Mas a violência e a ausência de equipamentos públicos são os principais problemas.

"Precisamos de um lugar de lazer para nossos filhos e netos. Creche para que suas mães possam trabalhar", disse o líder comunitário Antonio Monteiro, 48 anos, um dos fundadores da comunidade. Entretanto, ele alerta que é importante haver manutenção do que for construído. "Já fizeram uma praça antes, mas ela está abandonada. De quê adianta?"

O dinheiro será útil, segundo ele, para que os governantes cumpram suas promessas de construir prédios populares para abrigar parte dos moradores que vivem em área de risco. Desde 2001, cerca de 30 famílias foram removidas depois de deslizamento de terra. Muitas, após receber bolsa-aluguel por um período, voltaram e construíram casas no mesmo local. "A casa estava caindo na cabeça da minha filha de 2 anos. Recebemos um aluguel, mas decidimos voltar por não ter escolha. Tenho medo, claro, de que aquilo volte a acontecer", disse Jéssica Soares, 18.

Unidos, os moradores se conhecem e o clima na comunidade é tranquilo, segundo eles. A violência do passado, quando o Gazuza era notícia por suas chacinas, diminuiu bastante, mas ainda é fato da realidade do local. O tráfico de drogas é o maior problema. "Os jovens aqui usam muita droga", disse Alaércio Neves, 23.

Como ele, a maioria dos jovens do bairro está desempregada, o que facilita a movimentação dos traficantes. Com o dinheiro do PAC, o pedido é pela construção de mais áreas de lazer e escolas. Tal como nas UBSs, os estudantes precisam ir em bairros vizinhos para completar os estudos. "Tudo o que você precisa aqui é muito longe. Falta o que fazer para os jovens", completou Neves.

 

Diadema assina contratos no valor de R$ 69 milhões

 

A Prefeitura de Diadema assinou ontem com a Caixa Econômica Federal oito contratos direcionados às áreas de saneamento, abastecimento de água e habitação na cidade, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. Os investimentos totalizam cerca de R$ 68.930 milhões, sendo R$ 65 milhões destinados a obras e outros R$ 3,8 milhões para elaboração de projetos.

O contrato de maior valor será de R$ 21,63 milhões, para o projeto de urbanização do Complexo Gazuza, que prevê intervenções em 12 áreas do município e deve beneficiar 4.281 famílias. Também na área de habitação haverá repasse da União de R$ 19,74 milhões e contrapartida municipal de R$ 1,052 milhão para a urbanização do Complexo Jóquei/Carapeba. O projeto prevê obras de infraestrutura do núcleo e beneficiará 1.589 famílias.

"Estas são áreas que carecem de muitas intervenções, inclusive de novo sistema viário. Hoje, no Gazuza, só circula ônibus se for micro. Toda região Leste de Diadema encontra dificuldade de ligação com o resto da cidade", afirma o prefeito Mário Reali (PT). Com a conclusão das obras previstas no PAC 2, PAC 1, PAC Manancial e a construção das unidades habitacionais para 1.050 famílias que vivem no entorno da Rodovia dos Imigrantes pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, a cidade terá eliminado de vez as favelas. "Não teremos mais habitações precárias em Diadema. Mas o fato é que muitas das obras estão atrasadas e não há prazo para isso virar realidade", diz o prefeito.

Até o fim do primeiro semestre de 2012, as obras dos oito contratos assinados ontem devem ter sido iniciadas. O prazo médio de conclusão é de 17 meses. Os contratos também preveem a canalização/retificação dos córregos Canhema, Grota Funda Olaria, além de execução de pavimentação e calçadas, cujos recursos são de aproximadamente R$ 19,225 milhões, sendo R$ 2,76 milhões de contrapartida municipal. Outras 60 mil pessoas da região Sul de Diadema também serão beneficiados pelas obras de ampliação da reservação do setor Eldorado. (Angela Martins)




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