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Copa de 1958 põe Brasil na elite
29/06/2008 | 07:09
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A Copa de 1950 estava à feição para um título do Brasil. O torneio ocorreu no País, a final seria no Maracanã, a festa já estava armada antes da partida decisiva. O Uruguai soube se aproveitar do clima de euforia e venceu por 2 a 1, de virada. A derrota marcou fundo na alma do brasileiro. Tanto que até hoje é lembrada com tristeza.

A seleção canarinho foi para a Suécia, em 1958, marcada por aquele fracasso de oito anos antes. Em 1954, o descrédito com o escrete ainda havia aumentado com a derrota por 4 a 2 para a Hungria do lendário Puskas, na Suíça, nas quartas-de-final.

O brasileiro tinha "complexo de vira-lata", como definira Nelson Rodrigues: nos sentíamos vítimas, incapazes, fracos para alcançarmos maiores conquistas. A fé do povo brasileiro em muito era depositada nos pés do maestro daquela seleção. O meia Didi tinha o time nas mãos. A verdade é que, sozinho, seria impossível vencer.

Os primeiros resultados da equipe brasileira na Suécia logo mostrariam isso. Não foram nem um pouco alentadores. Os 3 a 0 sobre a Áustria, na estréia, não enganava. "Eles nos deram muito trabalho", lembra Zagallo.

O time tinha problemas que ficaram ainda mais claros na segunda partida, um empate sem gols com a Inglaterra. Foi então que a dupla Pelé e Garrincha foi lançada contra a União Soviética. Foi um show daquele time.

No Brasil, a população se reunia em volta dos aparelhos de rádio para acompanhar as façanhas daquele time. A cada vitória, uma festa nos quatro cantos do País.

Sem transmissões de televisão estabelecidas, não havia como assistir ao espetáculo que a seleção estava dando na Suécia. Os relatos que chegavam pelo rádio, porém, eram animadores. Pelé, Garrincha, Didi e companhia eliminaram o País de Gales nas quartas-de-final, esmagaram os franceses que tinham o artilheiro Just Fontaine e chegavam à final saudados até mesmo pela torcida e imprensa sueca.

Faltava pouco e nem a maré de azar que parecia ter se assentado sobre a delegação - os jogadores e a comissão técnica acreditavam que era um mau sinal o fato de terem de atuar de camisa azul a final já que os suecos também usavam camisas amarelas - parecia ser capaz de tirar a Jules Rimet, finalmente, do Brasil.

No dia 29 de junho de 1958, a Seleção Brasileira entrava em campo, no Estádio Rasunda, em Estocolmo, para vencer os donos da casa por 5 a 2. Pelé marcaria naquela partida um dos gols mais bonitos da história das Copas. O capitão Bellini, atendendo a pedido dos fotógrafos, ergueria bem alto o troféu da conquista. Estava eternizado ali um gesto que seria copiado por todos os demais campeões. E a alegria dos brasileiros mostrava a superação do complexo de vira-lata. "A taça do mundo é nossa. Com brasileiro, não há quem possa."

O mundo conheceu um novo rei: Pelé

Faz 50 anos que um menino brasileiro virou rei na Suécia. Pelé não entrou para a história do futebol mundial após a conquista da Copa do Mundo de 1958, a primeira das cinco que a seleção carrega na mala. Pelé é a própria história do futebol e daquele Mundial.

Não há como contar o futebol em seus mais de 100 anos sem passar por Pelé. Não há como resgatar a primeira Copa ganha pelo Brasil sem prestar reverência ao menino de Três Corações (MG).

E foi na Copa de 58 que o menino de 17 anos passou a ser chamado de rei. Uma homenagem dos franceses. "Quando vi Pelé jogar, tive vontade de pendurar as chuteiras", comentou Just Fontaine, atacante francês, artilheiro da Copa de 58.

"Não entendia o por que me chamavam de rei. O Didi jogava muito mais que eu. Essa história de rei começou após a conquista de 58, quando o rei da Suécia desceu ao campo para nos cumprimentar. Aí o jornal L'Equipe (da França) estampou: Le Roi Pelé. E todos começaram a me chamar de rei", lembra Pelé.

CBD armou planejamento inédito para Copa

Estamos no início do ano de 1958. João Havelange acabava de ser empossado na presidência da CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Oriundo dos esportes aquáticos, o novo dirigente não entendia muito de futebol e o Brasil estava classificado para disputar a Copa do Mundo.

Havelange tinha menos de seis meses para elaborar um projeto de uma nova Seleção Brasileira. Sem opções no futebol carioca, recorreu aos paulistas. Correu atrás do empresário de rádio e TV Paulo Machado de Carvalho, que era dirigente do São Paulo

"Olha, doutor Paulo, preciso de uma seleção que faça o povo esquecer a de 1950 (quando o Brasil perdeu a final da Copa para o Uruguai no Maracanã). Preciso de uma seleção vitoriosa. De um time campeão. E porque preciso de tudo isso é que o quero como chefe. Arme tudo como você quiser ", disse Havelange.

Era tudo que o doutor Paulo mais queria ouvir. Desde meados de 1957, ele já vinha elaborando um projeto para dar à seleção um novo perfil.

Tudo começou quando Paulo Machado de Carvalho formou uma comissão com os jornalistas Ari Silva, Flávio Iazetti e Paulo Planet Buarque para repensar a seleção. Fizeram o livro Plano Paulo Machado de Carvalho.

O técnico Vicente Feola traçou um quadro dos desmandos e erros de 50 que não poderiam se repetir na Suécia. Mas o comando não era individual. A comissão técnica seria um colegiado.




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