Economia Titulo Automóveis
Produção de veículos no País patina

Neste ano até novembro, as montadoras têm expansão de apenas 0,9% na atividade

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
08/12/2011 | 07:25
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A melhora de 3,4% na produção de veículos em novembro frente a outubro não impediu que, no acumulado do ano até agora, o setor automotivo tenha atividade fabril apenas estável em relação ao mesmo período de 2010. Com 3,14 milhões de unidades fabricadas nos primeiros 11 meses, isso significou alta de apenas 0,9%.

Esses números, divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, contrastam com as vendas do setor, que cresceram 14,6% no mês passado, e de janeiro a novembro, registram expansão de 4,8%.

Isso se deve, sobretudo, aos carros importados, que chegaram, no mês passado, à marca recorde de 25,7% do total comercializado no mercado interno. Foi o maior índice pelo menos desde 1998.

Isso se explica, em parte, pela antecipação de compras de carros de outros países, já que a partir do dia 16 sobe o IPI em 30 pontos percentuais para esses produtos. No entanto, outro dado mostra à crescente presença dos veículos trazidos do Exterior. De janeiro a novembro, enquanto os nacionais tiveram retração de 1,4%, os que desembarcam no País apresentaram expansão de 32,3% no volume vendido.

CONFIANÇA

Apesar desse cenário, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, demonstra confiança na atuação do governo para reativar o consumo. "É preocupante o que ocorre mundo afora, mas a política do governo está dando conta de fazer o mercado interno mais vigoroso", diz, em referência à redução das taxas de juros e a flexibilização de medidas macroprudencias (como a redução do Imposto sobre Operações Financeiras).

Para ele, o crescimento de 14,6% nas vendas em novembro já reflete essas medidas. A alta no volume comercializado, com ritmo de produção bem menor, gerou como consequência diminuição nos estoques, de 374.342 veículos parados nos pátios das montadoras e nas lojas, o que correspondia a 40 dias para desova em outubro, para 370.573 em novembro (ou 35 dias).

PROJEÇÕES

Ontem a associação divulgou que o crescimento de vendas para 2011 deverá ficar 50 mil unidades abaixo do esperado - deverão ser 3,63 milhões de carros vendidos, alta de 3,3%. Já a produção deve subir apenas 1,1% neste ano (serão 3,42 milhões de unidades fabricadas).

Por sua vez, para 2012, Belini avalia que, se continuar a flexibilização das medidas para facilitar o financiamento e os juros continuarem caindo, as vendas do setor devem crescer de 4% a 5% em 2012.

Indústrias de São Paulo têm segunda retração seguida

A produção industrial em São Paulo registrou queda de 2,6% em outubro frente ao mês anterior, depois de retração de 5,2% em setembro, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O economista do IBGE Fernando Abritta diz que os números mostram, entre outros fatores, o impacto das medidas adotadas ao longo do primeiro semestre pelo governo federal para conter a demanda (aumento dos juros básicos, por exemplo).

Ainda de acordo com o levantamento, nos últimos 12 meses até novembro, a atividade das fábricas ainda registra expansão de 1,4%, mas manteve trajetória de desaceleração iniciada em novembro de 2010 (quando foi de 11,6%). Na comparação de outubro com o mesmo mês de 2010, por sua vez, houve retração de 4,6%.

O estudo aponta ainda que, entre os setores, o principal destaque negativo foi o de veículos automotores (montadoras e autopeças), que registrou queda de 13,2%, na comparação anual.

IMPORTAÇÕES

Para o economista Rogério de Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, a crise, que deve enfraquecer as economias da Europa, além de prejudicar as exportações brasileiras, deve fazer com que as importações para o Brasil subam, o que atrapalhará ainda mais a indústria automotiva nacional.

Isso porque os produtores se voltarão para mercados que vêm em crescimento, como o brasileiro. "Poderemos ter nova enxurrada de bens importados", afirma. Para ele, novas medidas do governo para o segmento, que estão sofrendo mais agora, são bem-vindas.




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