Cultura & Lazer Titulo Rasga Coração
Quatro décadas de Brasil
Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
15/05/2008 | 07:06
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Dentro de um apartamento abarrotado de móveis e jornais antigos, nove atores recriam a história política do Brasil, da década de 1930 ao início dos anos 1970. Tantas e tão intensas transformações foram traduzidas em Rasga Coração, espetáculo em cartaz neste sábado no Sesc Santo André.

Última criação de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha - morto em 1974, aos 38 anos, vítima de um câncer no pulmão, e popularmente conhecido pela concepção do seriado A Grande Família -, o texto ganhou uma sensível e bastante elogiada montagem pelas mãos de Dudu Sandroni. "Vianinha é uma paixão antiga", comenta o diretor. "Para mim, ele é um dos maiores autores, comparado a Nelson Rodrigues e Martins Pena".

Depois de passar cinco anos censurado pelo governo federal, Rasga Coração estreou em 1979 com nomes como Raul Cortez, Antonio Petrin e Ary Fontoura, além de uma geração de novos atores. Entre eles, estavam Lucélia Santos e Guilherme Karam.

Desta vez, encenado com apenas nove atores, como está no texto original de Vianinha - a primeira montagem contava com 28 pessoas -, o espetáculo traz à frente Zécarlos Machado, seguido por Kelzy Ecard, Xando Graça, Alexandre Dacosta, Alexandre Mofati, Pedro Rocha, Tiago D'Avila, Miriam Roia e Expedito Barreira.

Concentrada na figura de Manguary Pistolão, um homem de meia-idade, funcionário público e militante comunista, a história leva à cena o passado e o presente do protagonista, dividindo-os em planos de tempo, sem cortes ou mudanças de cenário. Por meio das relações com figuras de sua infância, adolescência e com seu filho, Pistolão faz uma retrospectiva da vida política do País, desde a revolução de 1930, do nascimento do Movimento Comunista e Integralista, até o início da década de 1970. O texto ainda passa pelo movimento hippie, pelo discurso ecológico e antecipa os rumos da esquerda no poder. "É um texto atemporal, trata da condição humana. Fala de política em um tempo específico, mas de forma tão bela que se torna atemporal", explica Sandroni.

CONTROVERSO
Nos palcos desde os 19 anos, Vianinha integrou os principais grupos de teatro da época: Teatro Paulista do Estudante, Teatro de Arena e Centro Popular de Cultura da UNE. Mas foi como autor no chamado ‘teatro de resistência', que ele concebeu sua obra-prima.

Dividido em dois atos, Rasga Coração terminou de ser redigido pela mãe de Vianinha, que o ditou poucos dias antes de morrer.

Rasga Coração - Teatro. Sábado, às 20h. No Teatro do Sesc Santo André - r. Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Ingr.: R$ 5 a R$ 20.




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