Economia Titulo Dia da Indústria
Indústrias comemoram aquecimento da economia no Grande ABC

O setor apresenta aquecimento da atividade e dos bons indicadores de emprego, segundo economistas

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/05/2008 | 07:36
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O Grande ABC tem motivos para comemorar, neste domingo, o Dia da Indústria. O setor apresenta aquecimento da atividade e dos bons indicadores de emprego, segundo economistas e representantes da área.

Depois de passar por um processo de reestruturação, na década de 1990, com o fechamento de muitas empresas e a eliminação de grande quantidade de postos de trabalho, o segmento se recuperou na região nos últimos anos, observam os analistas.

Diversos indicadores ilustram essa recuperação. O desemprego no Grande ABC, que chegou ao teto máximo de 22% da população economicamente ativa em 1999, reduziu-se e em março último estava em 12%, de acordo com dados da pesquisa do Seade/Dieese.

A indústria teve papel importante na recuperação desse indicador. A atividade, que em um de seus melhores momentos, em 1989, somava 363,3 mil empregos, viu o contingente se reduzir para 187,6 mil dez anos depois. Em 2007, mesmo com a reestruturação já instalada, o número subiu para 244 mil, conforme números da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho.

O Grande ABC também apresenta alta de 53,48% no PIB regional (Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas produzidas na região) entre 2002 e 2005, percentual superior à expansão registrada no País (45,3%) e no Estado de São Paulo (42,08%) no período, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar dos avanços, dirigentes do segmento na região avaliam que ainda há desafios a serem enfrentados para o fortalecimento do setor produtivo, entre os quais a melhora da infra-estrutura logística e a redução da carga tributária.

Setor automobilístico mantém região como pólo produtivo

Com o crescimento de 23,5% na produção de veículos no País no primeiro quadrimestre deste ano frente ao mesmo período de 2007, o setor automobilístico impulsionou a atividade industrial no Brasil e especialmente na região, que se mantém como um importante pólo no segmento.

"A indústria passa por um momento muito bom, o quinto ano de crescimento consecutivo", festeja o diretor de Economia da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Roberto Giannini.

Para o dirigente, um dos desafios é conciliar o cenário econômico, em que os juros ainda são muito altos e a carga tributária é elevada, com a necessidade de investimentos das empresas para atender ao aumento da demanda.

A expansão do crédito para pessoa física, que no ano passado foi de mais de 20%, contribuiu para a alta das vendas de veículos. A expectativa de Hermes Soncini, diretor da regional da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado) e presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região, é de que essa melhora se espalhe ainda mais para outras áreas, entre elas o setor moveleiro.

Desafios vão de obras viárias à carga tributária

O futuro Trecho Sul do Rodoanel, que deve estar concluído em 2010, pode ajudar no escoamento de produtos da região. Para o diretor titular do Ciesp de Santo André, Shotoku Yamamoto, no entanto, um aspecto - que consta da pauta de reivindicação da entidade para o governo estadual e para as prefeituras - ainda precisa ser resolvido: a inclusão no projeto uma interligação da Avenida Papa João XXIII (onde o Trecho Sul desembocará) com a Avenida dos Estados e a Avenida Jacu Pêssego.

"Esse é um problema sério. Já fizemos reunião com o secretário estadual Mauro Arce e com a Dersa, e esperamos que isso seja resolvido antes da conclusão da asa Sul", afirmou Yamamoto. Segundo o dirigente, esses detalhes, não previstos, podem gerar congestionamento de veículos em trechos urbanos de Santo André e de Mauá após o término das obras.

O diretor da regional da Fiesp em Santo André, Antonio Carlos Henriques, completa que há outros desafios, como a necessidade de redução da carga tributária. Henriques, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do Grande ABC, considera fundamental a desoneração de impostos nos produtos alimentícios.

Câmbio reduz competitividade na exportação

O câmbio, que dificulta a competitividade das indústrias, é uma questão que preocupa o setor produtivo. "Para segmentos que enfrentam a concorrência dos importados, a valorização cambial tem castigado bastante", afirma o diretor da regional da Fiesp de Diadema, Rinaldo Dini, que é empresário do ramo óptico.

O diretor do Conselho do Ciesp de Diadema, Walter Bottura Júnior, considera que o pacote de política industrial, anunciado há poucos dias pelo governo federal, pode ajudar, já que entre as metas estão a ampliação do número de micro, pequenas e médias exportadoras em 10% até 2010 e o incremento da participação do Brasil no comércio internacional, de 1,18% em 2007 para 1,25% no final desses três anos.

Medidas de estímulo à ampliação das vendas ao Exterior são consideradas importantes para o município, que conta com quase 250 exportadoras, mas, apesar desse número expressivo, tem registrado déficit na balança comercial (importações maiores que as exportações).

Rentabilidade preocupa micro e pequenas

"As vendas até vão bem, mas a rentabilidade está em queda para as micro e pequenas empresas", diz o diretor da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato.

Segundo ele, nos últimos dois anos, alguns insumos subiram até 90% e não foi possível repassar aos preços. Além disso, muitas pequenas indústrias que estão no Simples (regime simplificado de tributação) têm sido obrigadas a dar desconto de 12% a grandes clientes empresariais, depois de perder o direito, no ano passado, aos créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na compra de matéria-prima.

Além da questão tributária, a necessidade de capacitação tecnológica e de melhores condições de acesso a crédito aos pequenos empresários são outras questões que precisam ser enfrentadas pelo País, avalia o diretor da Fiesp de São Caetano, Fernando Trincado.

Pesinato, no entanto, acredita que há outros motivos de comemoração para as empresas: a estabilidade dos níveis de inflação registrada nos últimos tempos.




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