Comparando-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT), voltou a negar segunda-feira envolvimento em suposto esquema de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Presidente estadual do PDT e da Força Sindical, o parlamentar garantiu ser vítima de "perseguição política por defender interesses dos trabalhadores".

O pedetista recorreu ao exemplo do presidente da República para dizer que o povo saberá avaliar o "que está por trás" das acusações. "Não gosto de ser deputado, nunca quis ser, mas fui um dos mais votados do Brasil para cumprir o que prometi. Estou lá (no Congresso) somente para fazer isso, gostem ou não (os adversários). Os trabalhadores já começaram a entender o jogo. Logo concluirão que estão batendo em mim por eu defender o direito deles", ressaltou.

"Depois que começaram a bater muito no Lula, a opinião pública descolou dessa coisa de denúncia. As pessoas ficam reticentes quando pegam alguém em específico apenas para criticar", acrescentou.

Paulinho declarou ter a "consciência" de que os ataques contra ele não devem cessar tão rapidamente. "Já fiz tudo o que devia. Autorizei a abertura dos meus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Questionaram o projeto Meu Guri (ONG presidida pela mulher dele, Elza de Fátima Costa Pereira, a qual teria sido beneficiada pelo esquema) e também abri o sigilo. Então, estou tranqüilo. Não tenho nada a temer porque não devo nada", desabafou segunda-feira, durante ato com cerca de 200 pessoas em apoio a ele em Santo André, promovido pelo Sindicato dos Borracheiros. "Sei que isso não vai parar tão cedo. A articulação feita por mim como deputado tem incomodado muita gente, mas sinto muito. Continuarei assim, pois fui eleito para desempenhar esse papel. Ninguém conseguirá me desviar do caminho de defender os interesses dos trabalhadores."

Acusações - A Polícia Federal cita Paulinho no relatório da Operação Santa Tereza, que investiga o caso de desvio de verbas do BNDES. A menção diz respeito às iniciais PA, supostamente referentes ao deputado federal.

O sindicalista nega envolvimento no caso e com suspeitos de participar da fraude, como o conselheiro do banco estatal, João Pedro Moura - preso pela PF e apontado pela Procuradoria da República como o responsável pelo esquema.

Embora afirme que as denúncias não "abalam em nada" a vida dele, Paulinho dá sinais de preocupação. "Contratei um advogado para essa questão jurídica, pois sei que se não cuidar agora, isso cresce e me prejudica", admitiu.