Se a expectativa do Santo André era aproveitar a Quarta-Feira de Cinzas para renascer como uma fênix no Campeonato Paulista da Série A-2, os planos foram literalmente por água abaixo. As tempestades no Grande ABC, ontem à tarde, deixaram o gramado do Estádio Bruno Daniel impraticável e, assim, o Ramalhão não passou do empate sem gols contra o Monte Azul.

Apesar da invencibilidade como mandante, o time andreense pode considerar mais uma vez que deixou de somar três pontos ao invés de ter conquistado um. Isso porque enquanto a bola teve condições de rolar o Santo André foi superior. Mais uma vez, porém, falhou nas finalizações, amargou o terceiro empate em casa e segue na zona da degola.

Sob comando do técnico interino Alan Dotti, o time estreou a formação com três zagueiros (Otávio, Júnior Paulista e Rogélio). A intenção do comandante era liberar os laterais Nequinha e Marcio Careca para ajudar William Xavier e Luciano Henrique no ataque.

Com a defesa bem encaixada - um dos trunfos do time desde o início do torneio -, o Santo André começou com maior domínio de bola e criou a primeira chance do jogo aos nove minutos. Marcio Careca cruzou e William Xavier desviou de cabeça.

Mas o Monte Azul não tinha a atual condição de líder à toa e logo mostrou qualidade. Aos 20, após tabela, Wellington arriscou da entrada da área, mas Rodrigo Viana espalmou.

A melhor oportunidade do primeiro tempo, no entanto, foi ramalhina. Aos 26, Luciano Henrique chutou da entrada da área, a bola desviou na defesa e sobrou livre para Sérgio Mota. O meia, no entanto, bateu por sobre o gol.

Com o passar do tempo, o Santo André mantinha cada vez mais a posse. O Monte Azul, por sua vez, só chegava nas bolas paradas. E foi assim que, aos 34, Marcelo Ferreira quase abriu o placar. O lateral cobrou falta, a redonda ganhou velocidade ao tocar no gramado molhado e Rodrigo Viana fez grande intervenção.

No intervalo, o temporal encharcou o gramado e grandes poças se formaram. A bola praticamente não rolava mais e os atletas necessitavam utilizar artimanhas do futebol de areia (como as cavadinhas e petecadas) para tentar fazer as jogadas. Ou então, nas bolas paradas. Foi desta forma que Nequinha tentou, aos 23, mas a bola subiu demais.

Aos 33, Ramalho salvou o time. Após cobrança de escanteio, Jean Pablo cabeceou e o volante tirou em cima da linha. Aos 39, foi o goleiro André Luis quem tirou bola que tinha destino certo. Após dividida com William Xavier, o goleiro quase foi traído pela pelota molhada, mas se recuperou.

Time lamenta novamente as chances perdidas

O Santo André disputou a sétima rodada do Campeonato Paulista da Série A-2. A cada partida, o time cria mais e mais, mas jogo após jogo o discurso é parecido: sobram lamentações em relação às chances desperdiçadas, que depois poderão fazer falta. Foi assim contra Santacruzense, Audax, Rio Claro e novamente ontem, após o duelo sem gols com o Monte Azul, no Bruno Daniel.

"É o que a gente mais cobra. O time marca, corre e se dedica, mas quando tem chance, seja uma ou meia, precisa ter tranquilidade e acertar. Foi o que aconteceu nos últimos jogos", lamentou o volante Ramalho. "Desta vez, perdemos no mínimo sete pontos no campeonato. Mas não podemos deixar de acreditar. Sabemos que está difícil, mas pela qualidade da equipe, pelos jogadores experientes, podemos reverter", completou.

Nas opiniões do técnico interino Alan Dotti e do atacante William Xavier, a partir do momento em que o time marcar os gols que tem desperdiçado e sair de campo vencedor, embalará na competição.

"A gente vem de sequência negativa (agora são três empates e três derrotas nos últimos seis jogos) e todo jogador sente isso. Quando a bola começar a entrar, as pernas ficarão mais leves. É preciso paciência", afirmou o comandante.

"Controlamos as ações hoje (ontem), mas não fomos felizes nas chances de concluir ao gol. Mais uma vez isso aconteceu, como nos últimos jogos. O campeonato é duro. São 60 dias para 19 jogos. Mas o envolvimento dentro e fora de campo está acontecendo por parte de todos, estão se dedicando, porque queremos vencer. E é isso que vai trazer essa vitória. A partir dela, as coisas mudam a nosso favor", completou William Xavier.

O atacante deixou o campo sentindo contratura na coxa esquerda e inicia hoje tratamento intensivo para estar em campo no duelo de sábado, contra o Catanduvense, em Catanduva. "O desgaste é normal, ainda mais após um temporal como esse. Mas não vai influenciar em nada. Estarei em campo", afirmou o camisa nove ramalhino, artilheiro do time no torneio com dois gols.

Presidente admite dificuldade para contratar treinador

O Santo André segue sem saber quando terá treinador para a sequência da Série A-2. Por ora, o interino Alan Dotti segue no cargo, até porque a diretoria tem enfrentado dificuldade para encontrar profissional adequado à vaga.

Sejam por questões de perfil ou financeira o fato é que, segundo o presidente Celso Luiz de Almeida, o mercado está complicado. "No futebol paulista não tem ninguém disponível. Estão todos empregados. Veja quanto tempo o São Bernardo ficou sem treinador (duas semanas). Comercial e Catanduvense pegaram os melhores disponíveis no mercado", lamentou ele, referindo-se aos acertos de Luís Carlos Martins e Luciano Dias, respectivamente, com os times de Ribeirão Preto e Catanduva.

O dirigente ainda bate na tecla de que não fará "loucuras". "Para depois ficar devendo?", questionou o presidente, que descartou as vindas de Vilson Tadei, que "está bem" no Nacional-AM, e de Vágner Benazzi, que dá preferências a times da Primeira Divisão e teria pretensão salarial acima da realidade andreense. Assim, Alan Dotti deve comandar o time em Catanduva, sábado.