Setecidades Titulo Carnaval
Escolas dão exemplo de
superação em S.Bernardo

Dedicação das comunidades fez a diferença nos desfiles;
Prefeitura ficou responsável somente pela infraestrutura

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
11/02/2013 | 07:17
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A festa é da comunidade, a Prefeitura apenas monta a infraestrutura. A frase do secretário de Cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto, não poderia ser mais bem exemplificada na noite de sábado, no desfile das escolas de samba pleiteantes e do Grupo 2. Falta de dinheiro e componentes foi superada pela empolgação e força dos integrantes das agremiações.

Escola que abriu os desfiles, a Acadêmicos de Vila Baeta Neves buscava ter desempenho melhor que em 2012, quando perdeu pontos por falta de componentes e acabou rebaixada. Na avaliação do presidente, Renato da Silva, o objetivo foi alcançado. "Quando se está entre as pleiteantes é assim, se faz milagre", disse. O enredo, sobre o próprio Carnaval, exibiu a mistura entre fé, poesia e fantasia.

Sua companheira entre as pleiteantes era a Rosas Negras. A escola do Jardim Esmeralda é tradicional, mas amargou resultados ruins nos últimos anos. Segundo a presidente Maria Conceição do Amaral, a Conché, só mesmo a união para evitar o fim da agremiação.

"A gente começou a pedir para as pessoas trazerem seus familiares, todo mundo que esteja a fim de se envolver", explicou.

O resultado foi imediato. A Rosas cantou sobre a Bahia e seu culto às religiões africanas e apresentou novos talentos, como o instrumentista Kaique, 10 anos, que toca repique desde os 4, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira Gerald e Kathely, de 13 e 12, respectivamente.

A união familiar é levada tão a sério na escola que o posto de intérprete só pode ser ocupado por algum parente da presidente. Neste ano o escolhido foi o sobrinho, Kauê Kadu. "É uma tentativa de unir a família ainda mais em torno da escola e aumentar nossa força", disse.

No Grupo 2, com maior aporte financeiro, o trabalho da comunidade foi o que gerou o sucesso na avenida. Destaque da noite com o enredo sobre o amor, a Império do Samba caminha para voltar ao topo .

"Agora que estamos formando comunidade mais atuante, o resultado mostrou que esse é o caminho", disse Jeane Alexandre, madrinha de bateria da escola da Vila Vivaldi.

A situação é idêntica à Terceira Idade Brilha São Bernardo, escola do bairro Baeta Neves que fechou os desfiles de sábado. Como o nome já diz, a agremiação possui peculiaridade: só aceita pessoas com mais de 50 anos em cargos de diretoria e destaque. Os enredos também têm de ser ligados a temas envolvidos como os idosos, como aconteceu. "O retorno que tivemos dos idosos e mais novos foi fantástico e é o que nos move", contou o presidente, Raymundo Machado, o Laba.

 

Ginga carioca invade samba na Avenida Aldino Pinotti

Alguns talentos saíram do Rio de Janeiro para abrilhantar a festa em São Bernardo.

Alessandro Corrêa de Mello é um deles. Nascido e criado na Vila da Penha, Zona Norte carioca, foi eleito neste ano o Rei Momo da Folia são-bernardense. Desde 2009 morando no bairro Santa Paula, em São Caetano, ele mudou-se para região a trabalho. "A gente vê o pessoal da comunidade ajudando em três, quatro desfiles ao mesmo tempo", disse.

A opinião é compartilhada por um especialista. Matheus Oliveira, 25, é morador do morro da Mangueira. E, claro, integrante da escola de samba mais famosa do País. Hoje à noite ele estará na Marquês de Sapucaí como segundo mestre-sala da verde-rosa. Mas quem compareceu à festa de São Bernardo pôde ver primeiro o espetáculo que será acompanhado por milhões. As diferenças entre um e outro? Para ele não há nenhuma. "Fiquei impressionado com a estrutura", garantiu. Mas para ele, impactante mesmo foi o empenho dos integrantes da Império, escola por onde desfilou. "Você vê todo mundo junto, cantando e ajudando. Isso é Carnaval."

Oliveira foi levado a São Bernardo por Jeane Alexandre. Casada com o presidente da Império, ela também é mangueirense de nascimento, já que seu avô é um dos fundadores da verde-rosa.




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