A escola de samba Palmares foi o grande destaque do primeiro dia de desfiles do Carnaval de Santo André, sábado, na Avenida Firestone. A agremiação apresentou, com muita beleza, a história de Luiz Gonzaga, Rei do Baião. Outra que surpreendeu e arrancou aplausos do público foi a Pantera Negra, com enredo sobre a bruxaria. As duas pintam como favoritas à elite em 2014. A definição dos vencedores será na quarta-feira, quando ocorre a apuração dos votos dos jurados.

Sem imprevistos e ainda com pouco público, o desfile teve início no horário previsto, às 20h15, com apresentação do bloco Fúria Andreense, que representou uma das torcidas organizadas do EC Santo André. Com direito a chuva de papéis picados, os foliões levaram a alegria do futebol para a avenida, abrindo passagem para as escolas de samba.

A primeira agremiação a desfilar foi a Império do Parque Novo Oratório, às 21h20. Não empolgou. Com ares de improviso, as fantasias e alegorias traziam pouca beleza aos olhos do público. Nem os passistas da escola cantavam o samba-enredo.

Com mais animação, a Asa Branca foi a segunda a entrar na avenida, às 22h25. Entre os integrantes, muitas crianças, inclusive na comissão de frente, formada apenas por meninas. Pequenas rainhas de baterias, que sambavam feito gente grande, chamaram a atenção do público. Porém, foi penalizada por falta de carro alegórico e perdeu cinco pontos.

Já com as arquibancadas lotadas, a Pantera Negra entrou, às 23h30, para contar os mistérios da bruxaria. Exibindo mais estrutura que as anteriores, a agremiação empolgou, com belas alegorias e fantasias. A bateria, bem ensaiada, ousou e exibiu até paradinha. Problema no pavilhão carregado por uma das porta-bandeiras, que não estava preso ao mastro, pode resultar em penalidades.

Com atraso de aproximadamente 25 minutos, a Beleza Pura entrou na avenida por volta da 1h. A demora resultou na perda de 27 pontos. Mesmo assim, fez bela apresentação. "Tivemos dificuldade com as fantasias. Fizemos um desfile impecável, mas, infelizmente, nos complicamos", lamentou o vice-presidente, Reginaldo Hernandes.

Destaque da noite, a Palmares levantou o público logo com a comissão de frente, que foi aplaudida de pé. Rei do Baião, Luiz Gonzaga recebeu homenagem à altura, com alegorias e adereços caprichados. A escola foi a única a apresentar carro alegórico diferenciado, com asas em movimento.

Encerrando os desfiles do Grupo B, a Acadêmicos do Centreville entrou às 3h20, já com público reduzido. Foi bem, mas sem diferenciais. Destaque ficou por conta da bateria, conduzida por cavaquinho talentoso e cheio de ritmo.

Cerca de 10 mil pessoas prestigiam evento

No início dos desfiles, o público era tímido. Até parecia que a chuva que caiu durante a tarde em Santo André tinha afastado os expectadores da Folia. Só que, aos poucos, as arquibancadas foram enchendo e o evento ficou bastante movimentado. Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 10 mil pessoas, em presenças itinerantes, prestigiaram as apresentações do Grupo B. Os horários de maior movimentação foram entre 23h de sábado e 1h de ontem.

Os andreenses foram à Avenida Firestone para prestigiar o evento em paz. Não houve registro de brigas, violência, roubos e furtos. "Não tivemos nenhuma ocorrência. Correu tudo como foi planejado", comemorou o capitão da Força Tática da Polícia Militar Luiz Roberto de Moraes, que comandou a ação da corporação durante o evento.

O efetivo da Polícia Militar foi de 150 homens sábado. A expectativa era que, ontem, 175 policiais trabalhassem na segurança. "Vamos manter o mesmo planejamento, mas vamos aumentar o efetivo", afirmou o capitão Moraes.

Grana estuda arena exclusiva para Carnaval

Acompanhando de perto o desfile das escolas de samba do Grupo B, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), contou que planeja construir espaço que tenha condições de receber o Carnaval da cidade de forma satisfatória aos integrantes das equipes carnavalescas.

"Podemos pensar em uma arena multiuso em Santo André, onde podemos ter, no mesmo local, vários equipamentos interativos, como futebol, grandes eventos, convenções e um sambódromo", comentou o chefe do Executivo.

O prefeito disse que o projeto pode sair do papel em parcerias com empresas privadas. "Ainda é ideia embrionária e precisamos estudar bastante. Atualmente, várias empresas nacionais e internacionais estão apostando nesse formato de investimento, integrando várias modalidades em um mesmo espaço. É possível pensar, de médio a longo prazo, em um equipamento assim."

Para os desfiles deste ano, a Prefeitura alterou o posicionamento da avenida, montando a passarela do samba em mão invertida à que era utilizada nos carnavais passados. "Enquanto Santo André não tem sambódromo, vamos adaptando", disse Grana.

Passistas e dirigentes das agremiações reclamam que a Avenida Firestone não era local adequado para desfiles porque eram realizados em trecho onde havia curva bem no meio do trajeto. Isso prejudicava a harmonia e a evolução das apresentações.

Em 2010 e 2011, o Carnaval foi realizado no Espaço Pirelli, o que agradou aos sambistas. No ano passado, com o início das obras de empreendimento residencial e comercial no local, a festa voltou à Firestone.