O Brasil estreou para valer no Mundial Feminino de Handebol. Depois de duas vitórias tranquilas diante de Cuba e Japão, ontem as brasileiras tiveram pela frente a França, atual vice-campeã do mundo. E com atuação excepcional da goleira Chana, as donas da casa surpreenderam. Na raça, viraram jogo que parecia perdido e venceram por 26 a 22, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. O próximo desafio do Brasil é diante da Romênia, amanhã, às 19h45 no mesmo local.

Com três vitórias em três jogos, o Brasil já está garantido nas quartas de final, mesmo ainda restando dois jogos para o fim da primeira fase (Romênia e Tunísia). A meta das brasileiras agora é terminar na primeira posição do grupo. "Essa vitória nos deu a chance de ser primeiro. Agora sabemos que a classificação está nas nossas mãos e faremos o possível para isso", comentou o técnico do Brasil, Morten Soubak. Se conseguir a liderança, provavelmente o Brasil cruzará com a Argentina nas oitavas de final, teoricamente adversário mais fácil.

O Ibirapuera, finalmente, recebeu bom público, inclusive cerca de 40 franceses. Se não estava cheio, o ginásio que comporta 11 mil torcedores tinha quase metade da capacidade ocupada - contrariando o Estatuto do Torcedor, organização não disponibiliza relatório com renda e público.

Antes de começar o jogo, os torcedores deram show, cantando o Hino Nacional mesmo quando o sistema de som interrompeu a canção. A atitude emocionou as jogadoras.

No primeiro tempo, a defesa brasileira não funcionou. As francesas abusaram da velocidade e conseguiam chegar facilmente ao gol brasileiro, fechando o primeiro tempo em 17 a 10. Foi então que apareceu na quadra a protagonista, a goleira Chana. Ela entrou no segundo tempo e decidiu a parada. Com defesas sensacionais e atuando como jogadora de linha em certas ocasiões, inflamou os torcedores e impulsionou a incrível virada, fechando em 26 a 22.

Ao fim do jogo, Morten explicou o nó tático que deu na França no segundo tempo. "Mudamos a marcação e surpreendemos as francesas. Sei que o técnico delas deve estar irritado, pois é um dos melhores do mundo taticamente", ressaltou, bastante orgulhoso.

Heroína destaca poder de superação e divide méritos

A atuação de gala diante da França deixou sem palavras a goleira Chana. Na entrevista coletiva, ela tentava a todo instante dividir os méritos da vitória com as companheiras, mas no fim assumiu o papel fundamental na reação, principalmente no lado emocional.

Além das defesas incríveis, a goleira puxava os torcedores a cada lance do Brasil. "Estou muito feliz. Não sei o que dizer. Virar um jogo desse contra a França, só porque somos brasileiras e não desistimos nunca. O time todo está de parabéns, só colaborei com a vibração", declarou de forma humilde a goleira, que defendeu dez dos 15 chutes disparados contra o seu gol (com 67% de aproveitamento).

Experiente, a jogadora de 32 anos, que defende o Randers (da Dinamarca) assumiu que foi o melhor jogo dela nos 169 que fez com camisa da Seleção Brasileira. "Foi o mais impressionante, sem dúvida, ainda mais pelo adversário, que é superpoderoso, um dos melhores do mundo. Ainda bem que pude contribuir para essa vitória, que nos dá muito ânimo para a sequência. Foi apenas o primeiro passo, tem muita coisa pela frente. Agora é colocar os pés no chão e pensar na Romênia", recomenda.