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PIB brasileiro do terceiro trimestre fica estável, diz IBGE
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
07/12/2011 | 07:53
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A produção de riquezas do País entre julho e setembro cresceu na mesma intensidade que o segundo trimestre. Descontada a sazonalidade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou ontem que o Produto Interno Bruto foi de R$ 1,05 trilhão, zero de variação sobre os três meses anteriores.

No entanto, na comparação com o mesmo período de 2010, o PIB cresceu 2,1%, abaixo do percentual esperado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a expansão neste ano, de 4%.

O sócio-diretor da corretora de Diadema Top Traders, Wagner Caetano, disse que o resultado não foi surpresa para o mercado financeiro. "Assim como já era esperada a queda de 0,5 ponto percentual na taxa de juros (Selic), também era aguardado que o PIB tivesse variação como essa."

Caetano afirmou que a sensação é nítida de que o governo federal vem tentando equilibrar a economia, com objetivo de segurar a inflação. Esse movimento do Executivo teve início no fim do ano passado. Para deixar a inflação dentro da meta (limite para o crescimento econômico saudável), o governo aplicou medidas macroprudenciais para segurar o crédito, consequentemente diminuir o consumo interno, o que resultaria em resfriamento da atividade econômica.

"Para o quarto trimestre, acredito que o PIB deve surpreender em alta sobre o terceiro trimestre. Principalmente pelas medidas para elevar o consumo tomadas na semana passada", destacou Caetano.

O professor de Macroeconomia e História do Pensamento Econômico da Fundação Santo André Vladimir Sipriano Camilo analisa como dentro do esperado a variação do PIB. "Não é ruim, ainda mais comparando com o cenário internacional", salientou.

Ele lembrou que desde o início do Plano Real o governo vem usando ferramentas para resfriar a atividade econômica quando deseja segurar a inflação. "Mesmo sendo um caminho ortodoxo, acredito que estamos fazendo a lição de casa. É claro que o ideal seria elevar o PIB e segurar a inflação. mas como não foi possível, acredito que o que foi feito está no caminho certo", opinou Camilo.

O acadêmico lembrou que o País, segurando a atividade econômica para conter a inflação, tem acertado o alvo. "Ainda mais se considerar que não esperávamos duas crises. E estamos passando bem por elas", disse, citando a turbulência financeira internacional, que iniciou em 2008 e quebrou várias instituições fora do País, e a atual crise, que atinge as economias da Europa e dos Estados Unidos.

O professor de Economia Sandro Maskio, que ministra aulas da Universidade Metodista de São Paulo e na Universidade Municipal de São Caetano, avaliou que a estabilidade em relação ao trimestre anterior é reflexo do governo ter aumentado a Selic, que chegou a 11,5%. "E a alta de 2,1% sobre o terceiro trimestre de 2010 é pequena, tendo em vista que a média dos outros trimestre é de 3,2%", alertou, destacando que a expectativa não é tão favorável. "O terceiro trimestre, normalmente, é o último com resultado aquecido, já que o setor produtivo já está com a conta fechada nos últimos três meses do ano", avaliou Maskio.

Produção de feijão estimula PIB e preço fica mais baixo às famílias

 

O Produto Interno Bruto nacional cresceu 2,1% no terceiro trimestre contra o mesmo período do ano passado. O setor agropecuário teve grande contribuição para o resultado, com alta de 6,9% na mesma comparação. E quem ganhou com isso foi o consumidor.

O feijão, produto básico da cesta de compras das famílias, foi um dos estimulantes para a alta do setor agropecuário. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a produção do grão será grande neste ano, com expectativa de alta de 6,1%, o que vem dando sinais na ponta. Exemplo disso foi o preço do saco de um quilo do alimento nos mercados do Grande ABC, que passou de média de R$ 4, em 2010, para R$ 2,5, neste ano.

"No ano passado o preço do feijão estava alto e estimulou os produtores, que elevaram o plantio neste ano. Normalmente a oferta do produto sobe junto ao número da população, mas como não houve explosão no número de habitantes, a oferta está maior que a demanda e os preços caíram", explicou o engenheiro agrônomo da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André, Fábio Vezzá De Benedetto. "Ninguém come pouco feijão porque está sem dinheiro. É um alimento básico e barato. A única coisa que faz o preço do feijão variar é a oferta", afirmou Benedetto.

O IBGE também destacou as produções de mandioca e de laranja como estímulos para o crescimento do setor agropecuário.




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