Economia Titulo Emprego
Cresce o número
de informais na região

Em 2012, 4.000 trabalhadores foram empregados sem
registro, enquanto 12 mil perderam a carteira assinada

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/01/2013 | 07:29
Compartilhar notícia


A informalidade no Grande ABC aumentou em 2012, quando 4.000 pessoas conseguiram emprego sem carteira assinada. Assim, o total de profissionais sem direitos trabalhistas, como FGTS, férias remuneradas e 13º salário subiu 3,7% na comparação com 2011, somando 110 mil pessoas. O emprego com o registro em CLT, por outro lado, recuou 1,8%, com a demissão de 12 mil trabalhadores nessas condições - a região emprega 676 mil profissionais com carteira assinada.

Quanto aos autônomos, houve acréscimo de 7.000 dentre os que prestam serviços para empresas - que podem englobar formais e informais -, alta de 10,5% ante 2011, totalizando 79 mil pessoas. O volume dos que atuam diretamente com o público, por outro lado, caiu 3,3%, para 103 mil profissionais, o que significa que 3.000 saíram do mercado no ano passado.

Os saldos de emprego (contratações menos demissões) integram a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Seade/Dieese, que considera todo tipo de trabalho: com e sem registro em carteira e autônomos. O estudo tem como base entrevistas domiciliares em 600 casas, com 2.500 pessoas. Cerca de 20% dos entrevistados trabalham fora da região.

O ano passado, de fato, não foi muito positivo ao emprego por conta do ritmo mais lento da economia e da crise que afetou fortemente as indústrias, prejudicadas pela concorrência desleal com os itens importados - cuja entrada no País foi favorecida pelo dólar baixo, na casa dos R$ 2, que ao mesmo tempo contribuiu para elevar o preço do produto no cenário internacional.

Mesmo assim, a região gerou saldo de 2.000 empregos - alta de 0,2% ante 2011, o que representa estabilidade. O resultado é o pior desde 2009 e decorre, principalmente, do mau desempenho da indústria, que amargou a perda de 23 mil postos de trabalho (queda de 6,6%, totalizando 322 mil pessoas), sendo 10 mil no setor metalmecânico (recuo de 5,5%, com 172 mil trabalhadores). A taxa de desemprego na região aumentou de 9,9% para 10,3%, totalizando 142 mil pessoas sem ocupação.

Uma das hipóteses que ajudam a explicar o aumento no emprego sem carteira é o custo dos encargos que, em alguns casos, podem dobrar o valor do salário pago. Em cenário de crise, essa pode ter sido a opção. Na avaliação do coordenador do Inpes (Instituto de Pesquisas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, o segmento de serviços geralmente é menos rígido nas regras trabalhistas de contratação, assim como comércio. O fato de as admissões em serviços terem crescido 8,4% em 2012, o que representa 49 mil a mais no mercado de trabalho da região, pode ter contribuído, portanto, para o aumento da informalidade. Dentre as atividades que mais empregaram destacam-se administração pública (14 mil), hotéis, restaurantes e recreação (14 mil), serviços direcionados às empresas (12 mil) e trabalho doméstico (4.000).

Comércio, por outro lado, registrou 17 mil demissões em 2012, por conta do alto montante contratado em 2011.

 

Emprego no Grande ABC vai se recuperar no primeiro trimestre

As contratações devem aumentar neste ano, avalia o gerente de pesquisas do Seade, Alexandre Loloian. "O primeiro trimestre deverá ser atípico, pois normalmente é marcado por demissões. Porém, os ajustes de emprego na região foram muito fortes no ano passado; o nível de atividade não cresceu e a ocupação diminuiu", diz. "Com a redução na tarifa de energia, desoneração da folha de pagamento, juros baixos e recuperação das economias externas, acredito que a situação será melhor."

Loloian explica também o movimento da PEA (População Economicamente Ativa), que diminui em janeiro e fevereiro - muita gente deixa de procurar emprego nesse período justamente por não ter muita oferta de vagas -, deve aumentar. Isso porque em 2012 a PEA voltou a crescer, já que em 2011 muitos não precisaram trabalhar graças às boas condições de seus familiares adquiridas em 2010, com a recuperação da economia. Com nova crise, mais gente tem que voltar à ativa.

 

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;