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Dívidas consomem 25%
da renda das famílias

Endividamento na região ajuda a explicar
redução em compras de carros e eletrodomésticos

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
13/09/2014 | 07:09
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DGABC


A população do Grande ABC tem atualmente 25% de sua renda familiar, em média, comprometida com dívidas em atraso, segundo dados da Pesquisa Socioeconômica do Inpes (Instituto de Pesquisa) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Nos sete municípios, as dívidas em atraso (mais de 30 dias de não pagamento) se concentram, principalmente, na fatura do cartão de crédito (12,1%), prestações de lojas (7,2%), empréstimo pessoal (5,9%), conta de energia elétrica (3,1%) e cheque especial (2,9%).

Os valores em aberto somam hoje, em média, R$ 521,58 por domicílio. A situação é mais crítica entre as classes D e E, em que 53% do rendimento familiar está comprometido com dívidas em atraso (R$ 610,12), e C, que atinge 39% do salário (R$ 618,48). É menos problemática na B (14% ou R$ 460,96) e na A (7% ou R$ 392,79).

A cidade com mais valores devidos e não pagos é Rio Grande da Serra, com 35% da renda comprometida (R$ 639,01, em média), seguida por Mauá (34% ou R$ 549,33) e Diadema (27% ou R$ 459,84).

PÉ NO FREIO - Outro dado do estudo aponta que a população da região, como consequência do alto endividamento, está reduzindo a aquisição de bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos), que demanda, em geral, financiamento. Em 2009, 35% das famílias da região apontavam que tinham adquirido TV de tela plana nos últimos seis meses. Neste ano, esse percentual estava em 14%. A demanda por automóveis na região também diminuiu: em 2011, 12% relatavam ter comprado carro nos últimos seis meses, percentual que caiu quase pela metade (7%) neste ano.

Além disso, a intenção de compra também está em declínio, o que mostra a cautela da população em meio ao cenário econômico que dá sinais de crise, segundo o coordenador do Inpes, Leandro Campi Prearo. Em 2009, 11% tinham disposição de adquirir TVs de tela plana e, agora, são 8%, por exemplo.

Números da FecomercioSP para o Grande ABC atestam o desaquecimento da demanda no varejo, principalmente em itens como veículos e eletroeletrônicos. De janeiro a junho, o faturamento do comércio da região caiu 5,9% ante mesmo período de 2013. Segundo o consultor econômico da federação, Guilherme Dietze, a crise no setor automotivo gerou reflexos no consumo. Ele explica que, com o risco de perda de empregos, as pessoas preferem não contrair novas dívidas. E, neste ano, até agosto, já foram fechados 9.800 postos de trabalho na indústria, de acordo com números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.

Embora não sejam as que reúnem maior volume de postos de trabalho, as fabricantes do Grande ABC seguem com peso significativo na economia regional, e as dificuldades nessa área acabam afetando outras atividades, aponta análise do Observatório Econômico da Universidade Metodista.

As indústrias hoje representam 31% do total de empregos e 43,8% da massa de rendimentos (número de empregos multiplicado pelo salário médio), enquanto os serviços contribuem com 39,9% dos postos de trabalho e 12,2% da massa de renda.

Isso porque o salário da indústria, em média, está em R$ 3.800, o dobro do que recebem funcionários do comércio e bem mais do que os de serviços, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2013.  




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