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Ribeirão tenta salvar
área nobre em risco

Prefeitura aguarda verba de R$ 4,6 milhões da União para
a contenção de encostas localizada no Jardim Itacolomy

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
19/01/2013 | 07:00
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O Jardim Itacolomy, em Ribeirão Pires, é área nobre. Mas não escapa do risco. O bairro, que abriga cerca de 700 habitantes, possui vários imóveis avaliados em alto valor, localizados à beira de um morro. O local sofre com problemas de deslizamento de terra desde 2009. Para minimizar os perigos, a Prefeitura busca verba junto ao governo federal para realizar intervenções no local.

A administração municipal informou que solicitou junto à Secretaria Nacional de Recursos Hídricos o repasse de R$ 4,6 milhões para executar drenagem e contenção de encostas no bairro. Porém, o pedido, feito no governo passado, de Clóvis Volpi (PV), ainda está em análise por parte da Pasta federal.

"Vamos retomar todos os convênios e contratos feitos no passado e dar prioridade, principalmente porque Ribeirão Pires é uma cidade montanhosa e quando chove o estrago é grande. Também vamos estruturar melhor a Defesa Civil para solucionar esse problema", prometeu o prefeito Saulo Benevides (PMDB).

De acordo com a Prefeitura, 15 imóveis permanecem em estado de interdição total pela Defesa Civil desde 2009, sendo nove localizados na Rua da Glória e seis na Rua dos Autonomistas. Desses, apenas dois imóveis foram desocupados. No restante das casas, as famílias assinaram termo de responsabilidade pela permanência no local.

"Resolvi assumir o risco e ficar. Aqui é uma das áreas mais valorosas da cidade. Como vamos conseguir outro lugar semelhante a esse com o valor pago pela Prefeitura (em média R$ 400 pelo bolsa aluguel)?. Estamos aguardando alguma solução há muito tempo, mas não temos nenhuma posição efetiva do poder público. O jeito é ficar atento e na expectativa de obra que tire o risco de desabamento", reclamou Fábio Nunes Stratico,  34 anos.

A equipe do Diário percorreu o bairro e constatou que, além das edificações interditadas, existem vários outros imóveis de luxo localizados em encosta de morro. Uma casa de três dormitórios no bairro está avaliada em aproximadamente R$ 500 mil.

Também foram ouvidos relatos sobre residências que sofrem com problemas de inundação por conta de um córrego que passa pelo bairro e transborda em dias de chuva.

É tragédia anunciada, reconhece moradora

A professora Silene Regina Demarchi, 52 anos, é uma das moradoras que vivem em imóvel ao lado da parte do morro que já deslizou no Jardim Itacolomy. No entanto, sua residência não está interditada pela Defesa Civil. A área, que está coberta por lonas como forma de proteção superficial, fica a aproximadamente três metros da parede da casa.

"Isso aqui é uma tragédia anunciada. São 24 horas de preocupação todos os dias. Uma hora vai cair, só não sabemos quando. A situação é complicada. Pagamos um dos IPTUs (Impostos Predial e Territorial Urbano) mais caros da cidade e não temos segurança", reclamou a professora.

Silene, que mora no local há 22 anos, culpa intervenções feitas por particulares em terreno vizinho como causa do risco em sua casa. Segundo ela, depois que foi escavada terra do morro para construção de um imóvel ao lado do seu, começaram os deslizamentos. "Desde que fiz minha casa aqui, nunca tinha acontecido nada. Há uns três anos, quando o vizinho começou algumas obras, veio o problema e começou cair tudo. A natureza é assim, se mexer com ela, uma hora vem a resposta. E não é da melhor forma."

Como tentativa de segurança aos familiares, a professora passou a tomar cuidado. "Resolvi, por conta própria, interditar alguns pontos da casa. Quando chove, ninguém pode ficar no quintal ou usar o banheiro dos fundos", disse Silene. Ela acionou a Justiça contra a Prefeitura e o vizinho.




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