O sócio da NCH Capital diz que os fundos que estão nos mercados emergentes ainda estão "muito underweight" em Brasil, na comparação com o México, determinados países da América Latina e a Ásia. "Essa tendência vai se reverter ao longo dos próximos anos", opina. "Até porque agora Ásia e México estão super caros", diz.
Há cerca de dois anos a três anos, os investidores estrangeiros estavam vendidos em Brasil e a visão em relação ao País era "bem pessimista", relata Gulbrandsen. Mas desde fevereiro, esse jogo virou. Esses investidores passaram a investir de forma maciça na bolsa de valores brasileira. No acumulado do ano, a entrada de recursos de fora na Bovespa soma cerca de R$ 17 bilhões.
Questionado se o ingresso de capital externo no Brasil também está relacionado à piora do cenário em outros países emergentes, como Rússia e Argentina, Gulbrandsen disse não acreditar nisso. "Os mercados russo e argentino são pequenos, na comparação com o Brasil. O impacto na Bovespa não se explica apenas por isso", diz.
A NCH possui nove escritórios no mundo, sendo oito no Leste Europeu. A NCH tem dois fundos locais e um fundo Offshore com estratégia Latam (Chile, Peru, México e Colômbia).
Sergio Goldman, sócio da Maximizar Gestão de Patrimônio, contraria a visão de Gulbrandsen, ao afirmar que não acredita que os estrangeiros no geral estejam tão otimistas com o Brasil. Ele admite, porém, que gestores locais têm se mostrado mais pessimistas que os investidores do exterior. "Pode ser que parte dos estrangeiros acredite que a situação do Brasil não é tão ruim quanto em outros países", avalia Goldman.
A dúvida do mercado agora é se os estrangeiros continuarão a apostar em Brasil, vão manter os recursos na bolsa de valores, ou se em determinado momento, deixarão o País. Ao fim de julho, o UBS publicou um relatório no qual seus estrategistas, Geoff Dennis e Howard Park, recomendaram que investidores vendessem ações do Brasil naquele momento.
Os estrategistas lembram que a bolsa do Brasil teve um forte rali desde março, se descolando dos mercados emergentes. Mas explicam que o câmbio era responsável por boa parte do rali. Esse avanço, combinado com os ganhos das empresas em queda, levou a uma preocupação quanto ao valuation das ações.
O relatório citava algumas dúvidas quanto a reformas estruturais esperadas pelo mercado: Quais reformas podem ser implementadas? Quanta dificuldade econômica o País enfrentará no curto prazo? "O foco da principal reforma é a política econômica e um melhor desempenho de empresas estatais. Independentemente de quem vencer as eleições em outubro, o mandato das reformas deverá ser fraco", dizem os analistas.
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