Economia Titulo Desempenho
Vendas das pequenas empresas crescem 10,2%
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/01/2013 | 07:20
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As micro e pequenas empresas do Grande ABC tiveram um 2012 complicado, acompanhando o ritmo mais lento da economia. Especialmente as indústrias da região sofreram bastante, pois, apesar de o dólar ter vencido a barreira dos R$ 2 em maio, o fato não inibiu a enxurrada de itens importados para dar sequência à competição desleal com o produto brasileiro. Nos últimos meses do ano, porém, houve alguns sinais de melhora, o que ajudou a segurar o resultado.

Segundo dados do Sebrae-SP, o faturamento das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) da região cresceu 10,2% de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período em 2011, o que significou incremento de R$ 2,2 bilhões em seus caixas. As cifras mostram melhora na comparação com os primeiros 11 meses de 2011, frente ao mesmo intervalo em 2010, em que as vendas estavam 2,9% menores, e as firmas amargaram perdas de R$ 652 milhões.

A média do faturamento nas sete cidades supera a do Estado de São Paulo, que acumulou alta de 8,3% até novembro. A consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar explica que os números da região são melhores por conta da recuperação conquistada em 2012 e pela base de comparação, em 2011, estar depreciada.

Apesar de a pesquisa não ter dados regionais por setor, é possível correlacionar os desempenhos no Estado. As vendas da indústria cresceram 6% até novembro (o setor começou a demonstrar retomada a partir do segundo semestre apenas), enquanto que serviços aumentaram seu faturamento em 7,4% e, comércio, em 9,4%.

A metalúrgica Fami-Itá, fabricante de equipamentos hospitalares de São Caetano, ilustra bem o cenário. Embora tenha fechado o ano com vendas 8% maiores que em 2011, houve meses, no primeiro semestre, em que o faturamento registrou queda de 20%. "O segundo semestre foi menos tumultuado e fez com que o ano registrasse pequeno crescimento, o que não é grande coisa, pois se a atividade econômica estivesse bem, nosso aumento seria, em média, de 15%", conta o proprietário William Pesinato.

O que ajudou foi o ano ter sido marcado por eleição, o que fez com que os partidos investissem em hospitais e clínicas. Um de seus carros-chefes são caixas para esterilização de instrumentos de cirurgia. Quanto às exportações, houve alta de 2%, enquanto o normal deveria ser de 10%. "Tenho clientes da Itália e da Espanha que compravam todo ano comigo de uma a duas vezes e, no ano passado, não fizeram pedido. Não sei se suspenderam as compras ou se encomendaram aos meus concorrentes do Paquistão."

Para Pesinato, a situação não é ruim, mas não se tem plena confiança de que o cenário está melhorando. Ele defende reforma que atinja todos os setores. "Não adianta beneficiar só as montadoras, pois as pequenas autopeças não estão bem."

O empresário refere-se ao benefício do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que embora tenha vigorado de maio a dezembro, favoreceu bastante o comércio, mas não a cadeia produtiva como um todo. Muito do que foi vendido estava estocado e outro tanto do que foi produzido fez uso de itens importados.

A Pichinin, indústria de fundição de alumínio de Mauá está no grupo dos não beneficiados. "Para mim, 2012 foi um ano frustrante. Minhas vendas em 2012 caíram 20%", diz o sócio Mauri Zaccarelli. "No último trimestre, o mercado começou a ficar mais otimista, mas isso não se concretizou. A retomada não está acontecendo. A redução do IPI antecipa as compras e melhora pontualmente. Precisamos de medidas efetivas que desonerem de verdade as indústrias para que possamos competir com os importados."

Zaccarelli fabrica bagageiros de carros e suportes de câmbio, motor e alternador. Cerca de 60% é vendido a montadoras de automóveis, 10%, de caminhões, e 30% são diversificados para energia, móveis e linha branca. "Nossa competição não é somente com a China, mas com países do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e República Tcheca."

 




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