No início da carreira, ele sofria com falta de espaço para divulgar suas músicas. Hoje, já há 17 anos no universo musical, o cantor, violonista e compositor Jorge Vercillo comemora a independência - o carioca tem seu próprio selo musical - e tira do bolso 'Como Diria Blavatsky' (Leve, preço médio R$ 20), seu nono disco de inéditas.

O disco, cujo título faz referência à escritora russa Helena Blavatsky, chega recheado por 14 faixas - duas registradas como bônus - e traz temas ligados à evolução da consciência humana, como em 'Eu Quero a Verdade', e letras mais questionadoras e sociais, entre elas 'Rio Delírio': "Hoje no entanto a que preço se paga! Na ditadura agoniza um sistema, extremismo também não resolve...".

A receita musical de Vercillo na nova obra não difere quase nada da já conhecida em seus outros títulos. Delicada e cheia de suingue, 'Ventou - Ventou', canção de refrão grudento, dá o pontapé inicial no disco.

Vercillo também desfila músicas que remetem à natureza. 'Enquanto Acendeu' homenageia o Arquipélago de Fernando de Noronha, 'Rio Delírio' propõe mergulho na Cidade Maravilhosa. O disco traz também parceria do compositor com sua esposa Gabriela Vercillo em 'Memória do Prazer'. "Foi completamente ocasional, estava cantarolando uma melodia ainda sem letra e a Gabi começou a me ajudar com algumas ideias e palavras", conta o músico.

O disco desacelera e tem clima reflexivo com a balada 'Como Diria Blavatsky'. Alguns dos bons momentos ficam por conta da dançante 'Me Leve a Sério' e com a composição 'Faixa de Gaza', repleta de pitadas de samba.

Fã de MPB, o músico que confessa um dia poder gravar com Gal Costa e "Stevie Wonder, quem sabe", sonha com o fim da pirataria e por mudanças na forma de divulgação do seu trabalho. "Temos de ter consciência que se não encontrarmos novas mídias e um download barato, mas pago, o nível musical poder cair vertiginosamente, pois existem centenas de milhares de profissionais que vivem da música."