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ELT lança obra '[Reminiscências dos] 20 Anos da Escola
Livre de Teatro de Santo André', sobre a sua trajetória

Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
05/12/2011 | 07:35
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Histórias transformadoras, dignas de memorial, precisam deixar vestígios para o futuro, ser compartilhadas com o presente e ter a memória do passado preservada. Na maturidade dos 21 anos, a Escola Livre de Teatro de Santo André lança livro escrito e mediado por diferentes vozes porque considera a polifonia importante para a constituição de princípios coletivos.

"Todo espaço de pesquisa realiza, periodicamente, o lançamento de revistas, cadernos ou livros nos quais a sua produção aparece registrada como garantia de que não se esgotará no imediato", explica o coordenador pedagógico da ELT, Antônio Rogério Toscano. Se o processo de criação demorou aproximadamente um ano - que aparentou menos porque, segundo o mestre, a obra foi escrita "amorosamente -, a espera pelo lançamento, que levou tempo superior, foi bastante dolorosa.

A frustração causada pela morosidade do processo de publicação agora dá lugar à sensação de vitória. Ao completar o que intitula maioridade, o centro de formação e pesquisa teatral consegue lançar a obra '[Reminiscências dos] 20 Anos da Escola Livre de Teatro de Santo André - Por Seus Fazedores' (324 páginas, distribuição gratuita).

Financiada pelo Fundo de Cultura de Santo André, a publicação comemorativa será apresentada ao público na quarta-feira, no saguão do Teatro Conchita de Moraes.

Às 19h, a peça 'Dizer e Não Pedir Segredo', dirigida pelo mestre Luiz Fernando Marques, será exibida com entrada franca. Em seguida, a partir das 20h30, o livro terá distribuição gratuita aos interessados seguida de coquetel.

O título, que abarca relatos de experiências, tem como proposta abrir canais para que o projeto pedagógico possa inspirar outros centros de formação e pesquisa. "A ELT nasceu como projeto absolutamente diferente de tudo o que se conhecia no Brasil em termos de pedagogia teatral. E hoje se tornou referencial para o País e até para o Exterior", afirma Toscano.

Segundo o mestre, o que faz da ELT espaço de formação diferenciado é primeiramente adquirir forma de grupo de pesquisa teatral para então assumir semelhanças com a escola convencional. "Trata-se de espaço horizontal e vivo, com profunda participação dos aprendizes em todos os níveis de decisão, que tem por prioridade a constituição de artista capaz de gerar pensamento artístico com autonomia", explica o mestre.

Em vez de oferecer formação técnica tradicional para preparar o artista para "um mercado inexistente", a ELT tem a intenção de gerar no aprendiz a necessidade de intervir "teatralmente" na atualidade, esteja onde estiver, por meios alternativos de produção. "A técnica, sempre bem vinda, chega depois, quando o projeto já tem consistência e necessidades específicas de realização", explica.

HISTÓRIA
Nessas mais de duas décadas de trajetória, a ELT passou por mudanças para se encontrar mais de perto com a sua identidade. "É natural que o que está vivo mude. E tudo o que existe hoje é fruto da experiência, dos maravilhosos erros que cometemos pelo caminho", analisa Toscano.

O que se mantém até a atualidade é o espírito livre, contestatório e radical. Hoje a ‘coluna vertebral' é o Núcleo de Formação de Atores, projeto profundo que tem duração de quatro anos. "Em sua órbita, os núcleos se abrem para diálogo mais dinâmico - e não menos profundo - com a sociedade, dando margem a interesses mais específicos de estudo."

O formato atual não é definitivo porque a ELT tem colegiado de mestres que decide os rumos do projeto pedagógico. "Alguns núcleos surgem, esgotam trajetória e dão espaço a outros. As coisas têm o dinamismo da vida. Em sentido bastante contemporâneo - de poder atuar no presente na justa medida em que reverbera a força do passado -, a ELT muda para permanecer", analisa o mestre.

Na escola, a arte tem perspectiva de transformação da realidade, que se mostra cada vez mais individualista e competitiva. "Cabe à arte realizar a análise crítica da sociedade, mas também inventar formas não imaginadas, não digeridas, para que olhares se abram para a transformação", defende Antônio Rogério Toscano, que completa: "O estranhamento, a pergunta e o ato filosófico são princípios inegociáveis desta transformação".

[Reminiscências dos] 20 Anos da Escola Livre de Teatro de Santo André - Por Seus Fazedores Lançamento de livro. Quarta-feira, a partir das 19h. No Teatro Conchita de Moraes - Praça Rui Barbosa, 12, Santo André. Tel.: 4996-2164. Entrada franca.




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