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‘Não deve haver vetos de Skaf para Dilma’, diz Vanessa
Júnior Carvalho
Especial para o Diário
05/08/2014 | 07:36
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Ricardo Trida/DGABC


Coordenadora regional do PMDB, a deputada estadual Vanessa Damo defende que o candidato do partido ao governo do Estado, Paulo Skaf, abra palanque para a presidente Dilma Rousseff (PT). O mandatário licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) reluta em associar sua imagem à da chefe da Nação, com receio que o desgaste do petismo em São Paulo traga prejuízos à sua campanha.

Para a peemedebista, não deve haver “vetos” à participação de Dilma na empreitada de Skaf em São Paulo. “(Skaf e Alexandre Padilha, postulante do PT ao Palácio dos Bandeirantes) Têm propostas antagônicas. No entanto, acho que não deve haver vetos (a Dilma com Skaf). Não acho correto dizer: ‘Olha, não quero que a figura ‘X’ entre no palanque tal’”, comentou Vanessa, em entrevista ao Diário. Ela reforça que talvez tenha sido mal interpretada mensagem de Skaf, que disse que PT e PSDB são seus adversários. “Ele é rival desses partidos só aqui em São Paulo, assim como eu, do PMDB, sou oposição ao PT em Mauá.”

Em busca de seu terceiro mandato na Assembleia Legislativa, a deputada do PMDB explana sobre conquistas, discorre sobre andamento da CPI das Áreas Contaminadas – que investiga o caso Barão de Mauá – e relembra imbróglio da construção do IML (Instituto Médico-Legal) na cidade. Governo do Estado diz aguardar por documentação da Prefeitura, que rebate e garante já ter encaminhado dados solicitados.

“Eu conversei com o governo estadual e eles alegam que o entrave é com a Prefeitura. Em setembro já vai fazer um ano que conseguimos a aprovação de um terreno para o IML. Nós estamos dispostos a auxiliar no que for preciso”, argumenta a deputada estadual.

Qual balanço a sra. faz do seu segundo mandato?
Vejo como maior conquista a instalação do Poupatempo em Mauá, que já está sendo construído. Foi trabalho bastante intenso do meu mandato, desde a solicitação ao governo estadual até as vistorias das áreas e a escolha de local adequado para receber a unidade. Fiz isso durante longo trabalho, desde 2008. Naquela época tivemos contratempo com o ex-prefeito Osvaldo Dias (PT), que não entregou os documentos no prazo certo e fez com que Mauá ficasse atrás de outras cidades (na lista dos municípios que almejavam o equipamento). Retomamos o pleito posteriormente e conseguimos de novo a aprovação. Estamos acompanhando passo a passo as obras do Poupatempo, que terá um dos maiores equipamentos da região, já que atenderá Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e parte da Zona Leste de São Paulo. Tivemos também tratativas com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que fosse construído um Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para Mauá e nós conseguimos. Agora já temos na cidade grande unidade do Senai, que no próximo semestre abrirá 20 mil vagas em cursos técnicos.

A sra. também se envolveu na construção do Trecho Leste do Rodoanel. De que forma foi feita essa discussão?
Como sou presidente da Frente Parlamentar de Acompanhamento das Obras do Rodoanel (na Assembleia Legislativa), acompanhei de perto as obras. No projeto inicial não estava prevista a construção de alça de acesso no Trecho Leste e nós conseguimos que isso fosse incluído. Com essa alça, as pessoas não precisarão cortar Mauá inteira para poder chegar a Ribeirão Pires ou a Suzano. Tudo isso contribuirá para a expansão econômica de Mauá e Ribeirão.

No primeiro mandato, a sra. lidou diretamente com José Serra (PSDB) como governador. Agora o governador é Geraldo Alckmin (PSDB). Há diferença?
Mesmo que nós já conheçamos todos os trâmites da Assembleia Legislativa, a cada mudança de governador, mesmo que seja do mesmo partido, há alteração, redefinição de estratégia de trabalho. Isso faz com que nós, deputados, busquemos reaprender alguns caminhos. A cada nova gestão vem a troca de secretários, alguns programas continuam, outros não. A forma de trabalhar de cada governador é diferente.

A sra. encampa a CPI das Áreas Contaminadas. Qual balanço deste trabalho?
A CPI está em andamento. A comissão tem como foco o caso do condomínio Barão de Mauá, no Parque São Vicente, mas também investiga outras duas áreas, que são os casos do terreno onde está instalado o Shopping Center Norte e o Conjunto Habitacional Cingapura, na Zona Norte de São Paulo. Queremos que, pela CPI, haja pressão positiva para que o trâmite jurídico seja menos moroso. Nossa intenção é fazer investigação com poder de polícia, para poder convocar as empresas envolvidas na poluição dos terrenos a prestar esclarecimentos. No Barão de Mauá são 7.000 famílias morando em 54 prédios erguidos em áreas com nível altíssimo de contaminação. Queremos pressionar a Justiça para que as famílias sejam indenizadas e que possam comprar sua morada.

O que já foi feito?
A primeira fase da CPI, quando elencamos as áreas prioritárias a serem investigadas, termina no fim deste mês. Também estamos acolhendo, por meio de outros deputados, da população e da sociedade civil organizada, outros locais para integrar as investigações. Depois, iniciamos a segunda etapa, quando começaremos a ouvir as empresas envolvidas.

Como a sra. viu o imbróglio envolvendo a construção de um IML (Instituto Médico-Legal) em Mauá?
Primeiro, é importante destacar que esse IML é extremamente importante para Mauá e Ribeirão Pires, pois hoje as duas cidades dependem da unidade de Santo André, que está sobrecarregada. No momento estamos passando por tremendo descaso da Prefeitura de Mauá, que não está entregando os documentos que o governo do Estado pede e que são necessários para a instalação do equipamento.

Mas a Prefeitura alega que já entregou os documentos...
Eu conversei com o governo estadual e eles alegam que o entrave é com a Prefeitura. Em setembro já vai fazer um ano que conseguimos a aprovação de terreno para o IML. Nós estamos dispostos a auxiliar a Prefeitura no que for preciso. Queremos que as questões da cidade sejam colocadas à frente de qualquer divergência partidária.

Dá para conciliar os trabalhos na Assembleia com esse período eleitoral?
Vamos conciliar tudo. Permanecerei na Assembleia durante as sessões e se for convocada para reunião de CPIs ou em encontros das comissões as quais eu faço parte. Farei campanha só depois desses horários e quando não houver trabalho na Assembleia, além dos fins de semana.

Com a troca de governo municipal, a sra. sentiu alguma mudança na relação com o prefeito Donisete Braga (PT)?
Eu sempre disse que o Donisete seguia a cartilha do Oswaldo Dias, pois ambos têm a mesma forma de governar. Cheguei a afirmar que o Donisete é mais do mesmo, mas eu me equivoquei, porque o Donisete conseguiu ser pior que o Oswaldo. É situação até mais grave, porque ele já foi deputado e sabe o quanto é difícil conquistar os recursos do governo do Estado e da União, como é importante cumprir prazos para entrega de documentação. A gestão dele é extremamente danosa, eles têm recusado recursos que eu tenho encaminhado.

O fato de hoje o PMDB estar no comando de duas prefeituras no Grande ABC facilita no seu relacionamento durante o mandato?
Como tenho característica de trabalhar para cidade independentemente do prefeito ou partido que está governando, talvez a única coisa que facilita é no momento de solicitar documentos para a captação de recursos.

A candidatura de Paulo Skaf (PMDB) ao governo do Estado traz peso ao partido?
Sem dúvida. Pela primeira vez em muito tempo o PMDB tem candidatura ao governo estadual sólida, consistente e com chances reais de vitória. Isso reforça a chapa de deputados federais e estaduais, reforça o posicionamento do partido e mostra que temos capacidade de ter política própria para o Estado. Seria importante se nós conseguíssemos ampliar a bancada de deputados do Grande ABC, seja na Assembleia ou no Congresso Nacional.

Como a sra. avalia o desempenho de Skaf nas pesquisas?
Acredito que o índice do Skaf tende a crescer quando começarem as propagandas na televisão. O paulista conhece mais o governador Geraldo Alckmin (PSDB) porque ele já está há quatro anos, teve outros mandatos anos atrás. Quando a campanha na TV começar, o pessoal poderá conhecer melhor o Skaf como pessoa, como gestor e quais são suas propostas. Nesse contexto, ter o maior tempo de propaganda é essencial.

Como a sra. avalia o fato de Skaf negar abrir palanque para a presidente Dilma Rousseff (PT) aqui em São Paulo?
Tem de separar as duas coisas, são questões diferentes. O PMDB vem forte em âmbito nacional e nossa intenção é reeleger nosso presidente do partido, Michel Temer, como vice-presidente da República. Já em São Paulo temos projetos completamente distintos e isso tem que ficar claro.

Então a postura de Skaf está correta?
(Skaf e Alexandre Padilha, postulante do PT ao Palácio dos Bandeirantes) Têm propostas antagônicas. No entanto, acho que não deve haver vetos (a Dilma com Skaf). Não acho correto dizer: ‘Olha, não quero que a figura ‘X’ entre no palanque tal’. Talvez não tenha ficado clara essa mensagem do Skaf em dizer que ele é adversário do PT e do PSDB. Ele é rival desses partidos só aqui em São Paulo, assim como eu, do PMDB, sou oposição ao PT em Mauá.

Mas o eleitor entende essa mistura?
Entende. A gente tem de respeitar as características locais.
 




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